sábado, 30 de julho de 2011

sábado, 23 de julho de 2011

Atchim

Sou tão antiga que acredito que menstruar é ficar doente.

Gerador

A pobreza sorri mais. E isso é adorável e também dolorido.
Nunca consegui o encaixe duma coisa só. Por isso a preguiça em voltar a fazer stand-up. Já contei as minhas histórias e não consigo inventar, como a maioria dos que fazem.
Só consigo contar o que realmente aconteceu comigo. Mas agora, preguiça, muita preguiça. Poesia também, embalo, mergulho, mas não permaneço. Deve haver explicação, mas também estou cagando. Essa sou eu. Envelhecer é se tornar chato. E ao mesmo tempo se conhecer mais. Mas se conhecer mais é assumir manias, loucuras, hábitos, preconceitos. A gente tenta, óbvio, a gente sempre tenta. Mas no final das contas, nossa essência é a mesma desde os 5 anos de idade.
Eu sou assim desde os 5. Tenho poucas testemunhas a recorrer, mas é isso mesmo. Fico agradecida em ter amigos, amor e ser tão chata. Eu sou a primeira a ir embora de uma festa. Não gosto que fumem perto do meu rosto. Não como queijo. Não gosto de ouvir música o tempo todo em um jantar . Chata. Lucas diz difícil, e eu fico pensando que não dá mais pra amaciar. Ou dá?
Eu agora vivo no Rio Comprido. Minha vó Marphisa quando veio do Espírito Santo morou aqui anos. Meu pai, que morava na Lagoa, vinha até o Rio Comprido, namorar minha mãe, linda, MUSA, coisadelouco de beleza. E agora, eu aqui, no Rio Comprido. Meu prédio é um oásis, vou ficar cada vez mais caseira e CHATA. Mas também tenho lido muita coisa, escrito e principalmente pensado sobre o pensamento. (Todos riem)
Sim, prédio oásis, toda uma mata me abençoando ser humana, pássaros, pé de carambola, uma piscina pr'eu fingir que sou sincronizada. Eu sempre morei em lugares com piscina, OBRIGADA UNIVERSO.
Mas a praça onde faço compras é suja. Bem pobrinha. Ambulantes se confundem com mendigos, carros, motoboys, caos. Mas lá vou eu no Horti-Fruti ou na Peixaria. E todos, TODOS são tão simpáticos e eu me sinto em São Pedro D'Aldeia em 1989, quando todos se falavam. A luz acabou. E as pessoas se ajudavam, se orientavam, faziam piadas, juntos, todos. Quando voltou, toda uma rua aplaudiu.
Eu ainda tento disfarçar meus quase 2 metros, ainda mais com a quantidade de camelôs com aquele pau da barraca espetando meus olhos. Mas todos dizem bom-dia-boa-tarde, e não é dia de feira. É um dia qualquer. Uma moça vende pipoca, salsichão e batata-frita. Com a cara oleosa e muito ocupada, ela ainda consegue me dar uma informação. Todos desejam "Bom final de semana", todos são bem simples em palavras, vestimentas e escolhas. Penso que sou especial, que são simpáticos comigo, a cliente em potencial. Mas não. A felicidade reina por ali. Penso o que fariam com um pouco mais de oportunidade. Sendo que oportunidade aqui significa DINHEIRO. O que fariam?
Teriam mais eletrodomésticos? Comprariam um terreninho em Macaé?
Mas na escala monetária, os ricos também devem me olhar e pensar "Que alegria com tão pouco! O que ela faria com um pouquinho mais?"
E meus novos vizinhos também se utilizam de tal escala. Terrível pensar que a felicidade também consiste em se comparar com outros que estão na pior. Os vizinhos devem pensar nos que não tem o que comer. Apenas os que não tem o que comer pensam "Fudeu". E eu não faço muito por esses que não tem o que comer.
Eu estou muito confusa e tenho certeza disso.
Um brinde aos meus novos vizinhos que aos poucos não me deixam adentrar no reino da dificuldade.
Dizem que é o amor que faz baixar a guarda, mas confundiram com gentileza.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Long River, parte 1

Me mudei há quase duas semanas, mas ainda não me sinto em casa. Lucas é compreensível a isso, ele já passeou mais residencialmente falando. Eu não. Ainda acho que é uma pousadinha. Olho para os meus livros, minhas tralhas e tento suspirar. Minha última consulta com a homeopata, ela perguntou: "Você suspira muito?" Putz. Não sabia dizer. Talvez não, talvez devesse suspirar mais. Mas não começa a ser um lamento? Pois eu estou bem feliz. Nunca fui tão pobre, é verdade. Ainda tenho 7 anos, meu pai trabalha no Banco do Brasil, chega em casa reclamando da inflação e eu digo: - Pai, por que não fazem mais notas?
Ainda penso assim. Preciso de mais notas, por favor. Mais notas. Por favor.
Não fui até à Igreja jurar meu amor ao Lucas a um Deus desconhecido e tampouco entrei num cartório burocrático. Criamos nós mesmos nosso ritual e nós casamos. Nessa casa. É o único acontecimento marcante dessa casa até então.
Troquei os puxadores sozinha, fiz um mini jardim no puxadinho da janela. Meus primeiros calos pintaram, e eu me machuquei um bocado. Demoro a ter noção espacial. Estou contabilizando uns 5 roxos nas pernas,um grande corte no dedo e outro corte super emblemático no pulso. Foi o estilete, abrindo caixas. Suicidal Tendencies? Nunca.
Acabo de nascer. E eu choro bonito.

terça-feira, 5 de julho de 2011

claustro

blusa, mão, travesseiro
e até boca
na boca

mordo o joelho pra vir
mordo teu cotovelo pra tua vez

claustro, sem rastros
só troncha
afterwards

Nat Geo na madruga

O piru do filhote de jacaré parece uma jóia.