segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

meio do céu

fiz meu mapa astral, saturno retorna e eu tento rebolar com os anéis concedidos. entendi que eu tenho que fazer tudo. que minha vênus em aquário está escondida porque caprinamente com virgem, fico analisando e ponderando. mas na real, tenho mais é que vazar por aí. cheia de água aqui dentro posso até ficar enjoada. fazer aniversário é um troço tão sensível e ao mesmo tempo tão banal, e ainda inventaram de botar um ano novo cristão pra me infernizar só mais um cadinho. mas ó, vou fazer 29 anos e gosto disso. AVISO AO MUNDO QUE EU GOSTO DISSO.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

desapego do baú


tem tempo já, mas a lua me trouxe a lembrança. coccarelli, pai da minha querida & eterna musa criativa joana coccarelli, fez um site com suas obras. jojô chamou alguns interventores pra criar coisas em cima. escolhi essa imagem e bolei essa mirabolância. era 2mil&5. "desculpa-qualquer-coisa". coçei o dedo querendo editar uma outra palavra que hoje em dia me soa distante, mas relembrei dos meus 23 insanusanus e deixei. deixei. ofereço.



"A única vez que eu bati o carro...", ela disse enquanto colocava o cabelo atrás da orelha, "...foi porque a lua estava muito bonita." concluiu com um sorriso. Ele fez uma cara de "Isso não tem o menor cabimento", mas apenas preferiu falar: "Que bonito isso... bater o carro por estar distraída com a lua." Era a primeira vez que se encontravam na luz do dia. Ela, discretamente confirmava sua teoria de que ele tinha os braços mais curtos que os dela. Ele, gesticulava pouco enquanto comentava sobre a possibilidade de estarem sendo vistos por alguém. "É preciso ter muito cuidado", ele dizia enquanto bebia seu primeiro gole do chopp. "Muito cuidado..." ela pensava. "Muito cuidado comigo!", deixou escapar em voz alta ao que ele apenas fingiu não ter escutado, balbuciando um "Oi?" e ela fazendo cara de "Nada não, esquece". Eram duas horas da tarde e o céu começava a escurecer, parecendo ser oito horas da noite. Comentaram sobre como o tempo é imprevisível. "Como você", ela pensava baixinho, mas tinha certeza de que seu rosto transparente deixaria claro seu pensamento para ele. Toda a conversa tomava tons de metáfora o que deixava difícil saber se estavam brincando ou se estavam falando sério. Estavam nervosos, mesmo em território neutro, e ela sabia que teria que ser a primeira. Sabia-se mais homem do que ele próprio. Deu um longo gole no chopp, o que o deixou um pouco impressionado e disse calmamente, olhando para ele, enquanto quebrava um palito de dente em 6 pedaços: "Eu gosto de você." Ele tinha olheiras de gente que dorme 5 horas por noite, mas um sorriso arrebatador de gente que vive bem 18 horas por dia. "Eu também." disse firme, mas com o rosto um pouco blasé. Silêncio. Brincaram de sério por alguns segundos. Se olharam, sem falar nada, sem ao menos mudar as linhas de expressão da face. No céu, causando pequenos sustos e também admiração, raios e trovões faziam uma assustadora trilha sonora. Mas não caía nenhuma gota das nuvens pesadas que pareciam achatar o mundo. "Mas a gente não pode. E você sabe disso", disse ele, como se tivesse querendo falar isso desde o momento em que haviam sentado ali. Logo em seguida começou todo um discurso sobre continuar a serem amigos. Uma espinha nasceu na testa dela nesse momento. Pediu licença e levantou rápida para o banheiro, onde o espelho denunciava uma tristeza que só o desamor consegue causar. As sobrancelhas parecem pesar dez quilos cada. Fez um litro de xixi e quando se limpou viu que havia ficado menstruada. Gritou alguns palavrões quando percebeu que não tinha nenhum absorvente em sua mínima bolsa. Improvisou com papel higiênico e saiu do banheiro rindo da própria desgraça. De volta à mesa viu que finalmente a chuva caía. Gorda, pesada e com cheiro. Como seu sangue. O céu estava de TPM e agora, finalmente sangrava. Ela ria das próprias besteiras pensadas, e ele, curioso, perguntava o que era. "Eu sangrei", disse com a facilidade que uma criança diz quando precisa ser limpa após ir ao banheiro. "Na verdade, você só gosta de mim, porque não pode me ter", disse ele, ignorando o sorriso dela. "Eu nunca quis te ter. Não é esse o verbo que eu gostaria de conjugar com você." A chuva continuava caindo numa velocidade impressionante, ele esboçava uma cara de impaciência, e em sua testa lia-se: "Eu não tenho culpa de não gostar de você". O desamor é tão ingrato e as sensações causadas tão ruins que caminhar na rua, debaixo da chuva, seria melhor do que aquilo. Ela levantou, deu-lhe um beijo na testa e disse: "Tudo bem. Seus braços são menores do que os meus. Isso jamais daria certo. Não me encaixo no seu abraço. Eu não me encaixo, percebe? Foi um prazer. Adeus." Desde criança tinha vontade de dizer "adeus" em alguma conversa romântica, mas nunca tinha tido a chance. O adeus coube e coube bem. Pois aquela foi a última vez que se viram. Enquanto caminhava na rua, as roupas molhadas, as lágrimas se confundindo com a chuva, um anão, debaixo de seu guarda-chuva, parou e disse: "Que pecado uma mulher tão bonita chorando...". Ela interrompeu os passos e o fitou por alguns segundos. "Que pecado você não poder me dar uma carona no seu guarda chuva." O anão jogou o guarda chuva fora e muito sorridente disse: "Posso te acompanhar na chuva, se preferir..." Gargalharam os dois e caminharam a tarde toda. O anti braço dele era do tamanho da sua mão, mas ainda assim, naquela tarde, deu o melhor abraço de sua vida. Ficaram juntos por três meses e terminaram por incompatibilidade de horários. Ela nunca mais comprou guarda-chuva. Nunca mais saiu de casa sem absorvente. Nunca mais perdeu tempo olhando o tamanho do braço dos homens. Nunca mais disse "Nunca mais vou me apaixonar". Mas bateu o carro outras vezes, impressionada com a lua.




quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

aleluia





I've gotta big big big big heart beat, yeah
I think you are the sweetest thing
I wear a coat of feelings and they are loud
I've been having good days
Think we are the right age
To start our own peculiar ways
With good and friendly homes
You get me freaked freaked freaked on preakness
Never met a girl that likes to drink with horses
Knows her Chinese ballet
Must admit you smell like fruity nuts and good grains
When you show my purple gaze
A thing or two at night
Make me sick sick sick to kiss you and I think that I woud vomit
But I'll do that on mondays I don't have a work way
I like it when I bump you an accident's a truth gate
I'm humbled in your pretty lense
I'll hold you don't you go

Sometimes you're quiet and sometimes I'm quiet. Hallelujah!
Sometimes I'm talkative and sometimes you're not talkative, I know...

Well I'd like to spread your perfume around the old apartment
Could we live together and agree on the same wares?
A trapeze is a bird cage even if it's empty and definitely fits the room
And we would too

And my dear dear dear khalana
I talk too much about you
Their ears are getting tired of me singing all the night through
Lets just talk together
You and me and me and you
And if there's nothing much to say
Well, silence is a bore

I've gotta big big big big heart beat, yeah
I think you are the sweetest thing
I wear a coat of feelings and they are loud
I've been having good days
Think we are the right age
To start our own peculiar ways
With good and friendly homes

Sometimes you're quiet, and sometimes I'm quiet, hallelujah
Sometimes I'm talkative, and sometimes you're not talkative, I know...
Sometimes you hear me when others they can't hear me. Hallelujah!
Sometimes I'm naked and thank god sometimes you're naked. Well, hello...

Can I tell you that you are the purple in me?
Can I call you just to hear you, would you care?
When I saw you put your purple finger on me
There's a feelin' in your bottle
Found your bottle, found your heart
Gives a feeling from your bottled little part

Gotta crush, high
Thought I crushed all I could
Crushed all I can then I touched your hand
Crush high
Don't want it to stop
'Cause stories of your brother make my crush high pop
And you couldn't really know, cause it's in my toes
And sometimes I wonder where that crush high go
Crush high then I go and take some pills
Cause I can't do all of my dos and still feel ill

deixa pra depois

viajar
estar aqui e não lá
perder-ganhar


vem pra cá, impossível?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

abrazo

amo poesia
porque sempre pode ser pra mim

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

biscoito da sorte

no show letuce - calminha, escrevi frases, estilo biscoito da sorte pra cada cadeira do teatro. não tive tempo de fazer 120 frases inéditas, i'm not yoko ono, man. escrevi 40 e fiz cópias.
eis:


compre flores para você no dia 17 de janeiro



diga OPA pra pessoa ao seu lado. qualquer lado.



bata palma no meio de uma música



feche os olhos por um minuto



mande uma mensagem para quem você não

vê há muito tempo

chegue em casa e olhe para uma foto sua com 5 anos por 1 minuto



chegue em casa e faça cocô


pense no suvaco de todas as pessoas da sala



vá ver o mar amanhã, diga em voz alta "como pode?"



coma sua comida favorita amanhã



tente espreguiçar-se agora



pense na sua palavra favorita. pense na palavra que você menos gosta. esqueça. volte duas casas.



pense em nomes de possíveis filhos



leia todas as páginas do dia do seu aniversário dos seus livros favoritos



escolha 5 álbuns da sua vida, ouça todas as músicas de número 5



tente lembrar a regra da hipotenusa. esqueça. lembre de um beijo bom.



subtraia 137 de 478. esqueça. pense no melhor abraço da sua vida.



estale os dedos. estale o que você conseguir.


aprenda uma receita nova com sua vó



tenha um sonho lunar. peça ao universo antes de dormir: um sonho lunar. controle seu sonho.



faça cosquinha com a sua língua no céu da sua boca


escreva uma carta pra você. guarde. releia daqui a um ano.



volte pra casa por outro caminho



anote seus sonhos. leia em voz alta no dia seguinte.


esqueça



passe uma semana canhota: abra portas, mexa no mouse, escove os dentes, use o talher com a mão esquerda


veja "na montanha com os gorilas". chore.



veja "apertem o cintos, o piloto sumiu". chore de rir.



depois do show, puxe papo com algum desconhecido



tenha um filho


tenha netos



estude astrologia, se situe no espaço



saiba os nomes dos seus tataravôs



tente fazer o mesmo desenho que você mais fazia na infância



cante uma música em voz alta assim que acordar



beba uma garrafa de vinho sozinho/a ao longo de 1 dia


vá até a quinta da boa vista, interaja.



use azul amanhã, sorria para quem te olhar



antes de dormir, pense em todos seus ataques de riso



cogite ter um filho chamado "hoje"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010



de todos, o tom jobim me pega mais. quando o lucas ficou sem casa, tudo que eu pude fazer, além de oferecer o teto dos meus pais por um tempo, foi dar de presente o dvd "a casa do tom - mundo, monde, mondo", fragmentos, memórias e registros do tal. até em sonho ele já apareceu. e nunca sonhei assim, com gente, hum... famosa? faço músicas desde criança, melodia e letra na cabeça. em 94 a mangueira homenageou o tom jobim. minha vó régia me obrigou a ser mangueirense desde criança, acatei com prazer pois achava mais louco misturar verde&rosa do que azul&branco. no sítio tinha um pianinho de criança, foi a primeira vez que consegui ouvir um som e reproduzir em algum instrumento. era "é carnaval, é a doce ilusão, é promessa de vida no meu coração". e ele no alto de um carro alegórico com um piano de cauda de isopor, dando ciaozinho prum mar de gente. eu dava ciao de onde estava.
tenho conhecidos que gritam seus preconceitos contra quem é apto a compor em português e em inglês. destilam venenos para mallu magalhães e afins. não sei o que pensam do tom, eu tiro o chapéu, a roupa, a alma. genial em ambas as línguas. único homem a falar de "girafa", meu animal, meu animal, numa canção, que tive a sorte de poder cantar no último show com a alice caymmi. ela cantava a parte em português, eu em inglês.

Ain't a total wreck
you can double check!
Stickin' out your neck
is for giraffes!

morreu hoje também, tal qual john lennon, como falei aqui.
fica tudo isso pra absorver, brincar, gastar e esperar também.


"monga"

primeiro sonhay que tinha uma filha negra, neném fofa e linda, ela mamava no meu peito, tinha muita fome, fazia cosquinha, depois doía um pouco. ela era rápida.
depois meu pai morria. era bem triste e ainda acordei um pouco abalada, mas dizem ser saúde, quero acreditar. estávamos no sítio, me pareceu. mas também era uma loja de tapetes em são pedro d'aldeia. estranho. chegava a notícia da morte e pronto. minha mãe ajeitando coisas, eu pensando "tudo bem, ainda vamos nos comunicar espiritualmente". avisos? eu não chorava, só pensava que talvez queria falar mais coisas, mas ainda assim, muita certeza de que vamos ter contatos telepáticos pra além.
depois sonhei com cores, provavelmente um dos meus sonhos mais psicodélicos da vida. eu e lucas numa sala com cores, não sei se fazíamos um clipe, acho que não. mas havia um espelho nessa sala micra, e nós tínhamos um neon nas mãos, pra cada cor, tinha uma palavra em neon, acho que a palavra em amarelo era "monga". a gente ficava rodando e batendo fotos, depois chegaram umas mulheres mezzo piranhas e eu quis sair dali.

domingo, 5 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

dúvidas

análise faz isso, mas não tenho explicações



por que I?


tenho 9 anos, acabo de me mudar para uma casa, numa rua onde quase não passam carros. meus simpáticos novos vizinhos tocam nossa campainha, perguntam se eu e meus irmãos queremos brincar. queremos. uma menina conversa com outra e pesco" "sempre que empresto discos pra daniela, eles voltam arranhados". uma semana depois, na rua de novo, daniela me é apresentada. digo: "ah, então é você que arranha discos?"


por que II?

tenho 8 anos, sou convidada a passar o sábado na casa de minha amiguinha mônica. piscina e bonecas. na hora do almoço, com o prato na minha frente, fecho os olhos e posiciono minhas mãos na mesa, para rezar. foi a primeira e única vez na vida que fiz aquilo. ouço mônica dizer: "ué, vamos comer" e a mãe dizendo "vamos esperar a letícia, olha o respeito". e eu pensando em qualquer coisa que não deus ou jesus.


por que III?

meu olho coça muito, tenho 24 anos e preciso de um colírio que está no banheiro do quarto dos meus pais. a porta está fechada, o que pode indicar sexo ou uma dormida. abro e penso "ok, não está trancada". entro. minha mãe chupa meu pai, mas já me viu e tomou um susto. AOINVÉSD'EUVOLTAR, entro rápida pelo quarto até o banheiro dizendo: "só quer o colírio!". no banheiro, bochechas queimam enquanto alivio meu globo ocular. saio e demoro muito, muito pra voltar pra casa esse dia.


por que IV?

só uso o cabelo preso pois não domo jubas. tenho 13 anos, sou virgem de tudo. ia de short pro colégio, marina me deu um toque sobre nossa magreza e agora só uso calça jeans. estou tentando me ajeitar, pois estou apaixonada. um dia decido soltar o cabelo e usar um cordão que havia comprado mas nunca usado. chego na sala. muitas surpresas e comentários. digo: "eu acabei de achar esse cordão no chão da rua, acredita? meu cabelo? é que eu não achei prendedor hoje".



por que V?


tenho 9 anos e tomo coca-cola no bar/restaurante da esquina da minha rua, já que minha mãe só nos deixa tomar refri sábado. estou com meu irmão, andré e carolzinha, vizinhos. estamos rindo, temos de 9 até 11 anos. estamos rindo muito. estamos falando qualquer coisa. minha casa é entre a formiga e o borel, vejo muitos moradores do morro no meu dia-a-dia, na padaria ou no ponto de ônibus. vejo uma menina fora do restaurante, ela me olha. me olha forte, dentro, eu acho curioso, nos conhecemos talvez? mas tenho 9 anos, continuo conversando, tomando coca, rindo de alguma coisa que meu irmão leu na revistinha de piadas do ary toledo. a menina entra no restaurante, só percebo quando ela está na minha frente e diz bem calma: "da próxima vez que você ficar rindo assim da minha cara, vou te dar um tabefe que nem esse" e SLAM na minha cara. não sei falar nada, volto pra casa chorando, meu irmão cogita dizer algo, mas olhando lá pra fora viu os colegas marmanjos da menina. choro e conto pra minha mãe que vai pra rua e diz pra menina com a voz mais calma e doce do mundo: "ensinei minha filha a rir do que é engraçado, não estou vendo nada de engraçado em você, ela devia estar rindo de outra coisa". a menina me pede desculpas, eu aceito e fico horas olhando no espelho a marca dos dedos dela.