segunda-feira, 3 de janeiro de 2011
isso hoje
um homem me olha de dentro do carro. dou um peteleco na planta que nem atravancava meu caminho. nunca faço isso. meio que fiz pra ele. claro que não. hahahaha. viver agora também é performance, quando foi que o espontâneo virou performance? não estou sabendo dar entrevistas. já quase na esquina da rua, percebo que esqueci meus chinelos. volto pela outra calçada, não sou vista. na volta, pela calçada do peteleco na planta, resolvo soltar o cabelo, só para o homem achar que eu poderia ter uma irmã gêmea.
sábado, 1 de janeiro de 2011
1 do 1 do 11
muitas viradas bem virada. bem vidrada. anos & anos entregue ao delírio forjado e o não forjado. lembro de estar na bahia, último dia do ano de 2006. era uma praia deserta, por todos os deuses, nós, os amigos, rolávamos na areia e ainda não tínhamos visto o arco-íris duplo no mar. lembrei que o celular não pegava no camping, mas na praia deserta pegava, veja-só-você. liguei pra minha mãe, que muito sábia disse: "minha filha, respeite os limites do seu corpo". não sei se respeitei, mas mãe, o amor também está contido na ultrapassagem. gritei feliz ano novo para os mais chegados, gente que me viu nascer, meu irmão do meio via skype bêbado (a virada pra ele já tinha sido há duas horas) e triste, meu outro irmão com um neném bem bonito no colo. foi íntimo, já conhecido e bem amoroso. minha família não é tão diferente das outras, minha forma de contar é que é. minha vó hoje finalizou no enterro dos ossos. "a vida é muito, muito boa, eu passei por cada uma e fui tão feliz. e nunca, minha filha, nunca, descobri por onde sai o xixi da galinha". lucas e eu gargalhamos. pensei em avisar que é da cloaca, mas captei a quase piada depois. as merdas, a gente ignora, e isso não é se alienar, isso é preceito básico de qualquer psicologia. de botequim, ou de 500 reais os 50 minutos. algumas ressacas históricas em lugares perfeitos pra isso. lembro da sombra no paraíso que escolhi pra ser meu e não posso revelar o nome, a não ser que você esteja próximo, muito próximo. hoje leve dor de cabeça que confundi com cólica, porque meu corpo me deu sangue de presentinho de fim de ano. acordei na mesma cama que durmo o ano inteiro. me arrepiei ao longo do dia com o hino do brasil. que composição, que composição. só lamento os que se utilizam do dia 31 de dezembro pra se comoverem. e durante o ano disfarçam o calor. até-onde-a-gente-se-lembra-essa-vida-é-só-essa-então-vamos-ao-que-interessa. eu, que não amo pouco.
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