quarta-feira, 30 de novembro de 2016

2mil&16

nem postei nada

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

troncha



se abro os braços
sou maior que meu tamanho

se espacato as pernas
eu não consigo

sexta-feira, 10 de julho de 2015

aparentemente, julho

toda hora um susto interno. meu cabelo ficando preso na montanha russa e meu topo ficando exposto. toda hora uma espécie de contração. às vezes chego a suspirar. um homem que me empurra segundos antes do metrô passar. analiso ansiedade, mas tento não panicar achando que tudo é um aviso. se estamos perto da morte, através das notícias, canalizamos e tememos. não chega a ser medo da morte, é medo do horror. estou horrorizada com o horror. e fico tendo esses sustos. um soluço a décima potência. dói, falta ar, parece o princípio do fim da vida. se rivotralizar, não terei ao que recorrer quando entrar num avião, e eu preciso entrar em aviões, para que a vida seja recarregada, e eu me sinta minúscula, e por isso mesmo maiúscula. quando consigo dormir, melhora, tenho sonhos tão bonitos, outro dia sonhei que lia meu nome num convite, e logo após, meu nome, vinha minha profissão. e lá tinha "ovelha".

quinta-feira, 4 de junho de 2015

escrevi um livro

nunca mais entrei aqui, perdão.
mas vai que a vida é louca (e é), aviso que escrevi um livro.

um livro cheio da minha vida, portanto não é uma impressão fácil, fotos, colagens, insanidades, portanto, eis o crowdfunding do bicho:

https://www.catarse.me/pt/zaralha

é isso.

domingo, 12 de outubro de 2014

terça-feira, 7 de outubro de 2014

8 de outubro

ouvi dizer que carmas duram 7 anos. é hoje que me despeço. 7 anos de karmaamor, karmador.
a vida já e outra e já agradecemos pelo fato. mas gosto dos rituais e das datas e dos marcos. é hoje que me despeço. é hoje que se esgota, e acaba esse carma. 7 anos. te agradeço. te liberto. te vejo longe. te vejo torto. te vejo outro. que alegria. que imensa possibilidade em ser humano. que bom que voando, nos esbarramos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

the crystal ship

não há universo quando não há verso
quando não há uni
une quando verso
não há quando
meu desamor
meu amor
meu grande amor
meu ódio
meu ótio
outra palavra mesmo
porque é outra coisa


domingo, 1 de junho de 2014

de repente

nem madrugada
mas já madrugo
todos saíram
parece que há uma grande festa para celebrar nada
das coisas mais tristes que se pode ter notícia:
grandes festas para nada

fico em casa
misturo suco com álcool
espero um homem ao seu tempo
aprendo uma música da patsy cline no violão
faço sinastrias da minha família inteira
esqueci que sinastria é para todos
só usava para o romance
faço de todos
concordo, depois discordo
meus pais não param de me impressionar


eu já consegui essa façanha

sábado, 1 de fevereiro de 2014

3.2

única coisa que escrevi no dia do meu aniversário esse ano


ainda
rebolando com os aneis de saturno
eu juro
eu juro pelo meu cérebro
pelos meus pêlos
coração buceta
que envelhecer faz bem


e eu também juro
que ao falar disso
eu incluo a PELE

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

13 fatos sobre 2mil&13

minha coluna de fim de ano do ornitorrinco:


1. Tenho pensado muito na permanência. No estado e na sensação. Fim de ano me melancoliza. E parei de culpar o inferno astral. É a cidade mesmo, o país, o universo. Não tenho casa para morar ano que vem e tudo que vejo custa um preço que me faz arrotar. Hei de conseguir. E mesmo que não permaneça, hei de descobrir outro estado, outra sensação.

2. Fui fazer um retiro de 5 dias na serra. Não tem linha. Podia falar, podia comer, podia tudo, só chamo de retiro pois assim encarei. Meditar não é só sentar de pernas cruzadas. Respeito os retiros com nomes de retiros e regras de retiro, mas meu mapa astral não me permite lugares assim. O que tiver de vir, virá. De dentro, de dentro. Nós, mulheres, somos grandes bonecas russas. E se eu paro pra pensar na mãe da mãe da mãe da mãe da mãe da minha mãe, nem posso. Já choro.

3. Eu estou viva. 2mil&13 me matou um bocadinho. Geralmente os ímpares me matam, nos anos pares eu colho. Parece coincidência, mas não é. Os ímpares matam (morrer é importante, deus me livre ser highlander) os pares acompanham, te dão suporte.

4. A escolha (mentira, não é uma escolha) em ser artista me obriga, de alguma maneira, a permanecer em algum grande centro urbano, embora isso me exaspere. Foi o ano em que mais odiei o Rio, mesmo morando brevemente perto da praia. Essa foi minha terapia, o mar. Mergulhei muito esse ano, nadei um bocado. Foi meu único amor com a cidade, o mar. Porque de resto foi só decepção e medo. Preciso mesmo estar aqui sendo artista? Se eu me encalacrar no mato, vão parar de me chamar para as coisas? É o que dizem, eu não sei, sinceramente. Estou aqui, mas não estou aqui, então do quê adianta?

5. Pessoas que dizem "sonhei com você" estão mentindo. Passaram a noite pensando em você, mas a etiqueta encalacrada das pessoas cagonas que não querem se expor não permite isso. Então, as pessoas apelam para o subconsciente e mandam mensagens dizendo que "sonharam com você". Mentira. Passaram a noite pensando em você. Acordadíssimos. Que em 2014, as pessoas tenham mais coragem de dizer "eu passei a noite pensando em você", isso não te torna carente ou devotado demais ou sei lá o quê, isso te torna humano. Isso te torna amor.

6. Terminar uma relação é porrada. O ouvido apita um "i" agudo sem parar. O chão abre, a sua comida favorita não tem gosto, o álcool desce como água. Você lembra dos planos que ficaram no coração, dos filhos que ficaram no saco escrotal, nas viagens que não rolaram, você pensa nos seus pais, você se frustra, você esperneia, você implora, você acha que é melhor assim mesmo, é montanha russa, mexicana, paraguaia, drama em vários atos, novela, horror. Mas...mas é inconcebível para mim, esfarelar o amor. Resumir ao pior. Não consigo. Se passei quase 6 anos amando um homem, não consigo sair da relação abraçada à frustração ou ao caos interno. Ou à raiva ou a qualquer outro sentimento de mágoa. Os amigos questionaram, ficou todo mundo espantado. Você está bem mesmo, Letícia? É óbvio que passei noites comendo cocô e ao invés de lavar o cabelo com shampoo caro eu só chorava embaixo do chuveiro. Perdão, toda água do mundo, compenso de outras maneiras. Mas eu tenho uma péssima tendência a ser feliz. Me perdoem, terapeutas, remédios, me perdoem. Que mania besta essa de querer rir, gargalhar, amar. E que memória absurda e companheira que só guarda os momentos astrais e de entrega absoluta e de fé e força. No amor. Lucas, sinto muito, me perdoe, te amo, sou grata. Feliz 2mil&14 pra você!

7. Parei de comer carne e frango. Nunca fui carnívora máxima, por enquanto estou gostando da limpeza. Pele, barriga, cara. Forte. Prometo não ficar chata com quem come. Tenho bons exemplos. Meu pai é churrasqueiro, minha mãe é yoga-linhaça-verduras. Ela prepara pra ele o filé mignon, mas não come. Mas ela prepara, entende? Feministas, eu também sou, mas eu agora estou falando de amor.

8. Fui muito reconhecida esse ano. Não passou uma semana sem que eu fosse abordada, na praia ou no mercado, na rua ou na manicure. A maneira sempre me surpreende, as pessoas tremem, contam de algum trecho da música que mandaram para o grande amor da vida delas, falam da sensação que tiveram no primeiro show. Sem contar nos emails que recebi. Carinhosos, meu deus, carinhosos, ursinhos. Eu respondi todos, tomara. O último foi um pouco mais triste. Moça contava que ela e o melhor amigo ouviam muito Letuce. Eram amigos, irmãos, brodismo alto. O rapaz se matou há pouco tempo, se jogou da janela, mas antes deu um sorrisinho pra ela. Ele era doutor em matemática. E gay. A moça me perguntava "Letícia, onde ele está agora?". Eu no meio do buffet, engasguei e respondi algo sobre luz, amor, interior, verdade. Foi difícil pra mim, imagina pra ela. Nem imaginem pra ele. Luz.

9. Minha voz. Esse ano passei horas sem falar, passei horas tagarelando, passei noites cantando. Minha voz era minha amiga, esse ano viramos amantes. Mas desses que se respeitam. Desses que não mentem. Quando vou maltratá-la em alguma madrugada sem destilados, eu aviso que vai doer um pouco essa bebida gelada, e assim temos nos relacionado bem. Fiz coisas que até então nunca tinha pensado. E não é que ela obedeceu ao desejo? Ela foi, ela conseguiu. Ô voz, que alegria profunda essa caverna corporal do eco.

10. Meus arrepios do ano vão para meus amigos. Não citarei nomes porque se esquecer algum, vou ficar chateada comigo mesma. Tenho uma facção, os mais presentes, claro, todos temos, mas esse ano fui agraciada por muitos. Amigos que vejo pouco, amigos que só bebo cerveja e falo besteiras, amigos que me dão divã, amigos de mergulhos, da literatura, da bicicleta, do camping, da feira, amigos que me dão casa pra ficar, amigos que me escrevem de longe qualquer besteira. Eu sempre tive muita sorte, mas esse ano eu confirmei. Que amor bonito esse. Esse encontro que beira a filosofia, o pum e o cocô, o abraço tímido e o porre escancarado, me emociona, bicho.

11. Gostei bem de escrever para o Ornitorrinco, não me acho boa escritora, mas sinto prazer quando junto as letras, os verbos, as palavras, e sentir prazer já é meio caminho andando, então me diverti, foi quase terapia, foi importante demais. Gabriel, que bom aquele dia que você me chamou pra isso, que boa aquela hora que eu aceitei.

12. .

13. Jamais serei uma dessas pessoas que diz a frase "Você sabe com quem está falando?" Porque eu mesma não sei quem é essa que está falando. Esse ano fica como sendo o ano que entendi que vez ou outra, empresto o corpo para outras forças. E a voz também. Maravilha.