quarta-feira, 25 de julho de 2012

bicho do mato

quando o assunto para na carne
é porque tem carne no assunto

tem tempo isso
essa carne

mas foi só outro dia que virou assunto

segunda-feira, 9 de julho de 2012

minha caroça




não tenho cílios pra tanto donzelismos
tampouco a curvatura da maldade na sobrancelha
tenho a cara boa
embora haja muito faro
pra pouco queixo
tenho a cara boa
só não me enganam
porque tenho a cabeça ruim


sexta-feira, 6 de julho de 2012

rarara

chamo lucas de caslu, mas antes dessa onda do "verlan" (ai que chic, você deve pensar, mas é que sou filha de professora de francês, então aprendi assim) eu sempre gostei de ver os nomes ao contrário. conhecia alguém e batata! já pensava como era ao contrário. tudo isso pra dizer que ontem meu irmão e eu lembramos de um amigo dele que chamava AGNUS.  

segunda-feira, 2 de julho de 2012

sobre Z


prefiro falar e escrever MEZZO do que "meio" porque sinto saudade da letra Z na nossa vida. não vejo muita zebra, tampouco zepelins e meu ouvido é bem tranquilo, de modo que não rola ZUNIDO. mas cadê essa letra gostoZa, derradeira, misteriosa e principalmente tesuda no nosso dia-a-dia? embora seja a onomatopeia do sono, o que questiono pois nunca ouvi alguém dormir em ZZZZZ, tal letra me deixa muito animada. não há, não rola. o que rola muito é H, quase sempre desnecessário e dando rasteira em geral, porque é um tal de "A cinco anos eu não ando de avião". tudo bem que você entende, todo mundo entende, mas é sabido que falta. mas falta porque, afinal?
com 6 ou 7, estava numa festa de adultos, só tinha uma criança, ficamos brincando de quadro-negro, não especificamos os cargos professora e aluna, a mágica era poder tocar no giz e num quadro negro. acabo de adorar escrever giz e hummm. GiZZZZZZ. uma hora chega uma tia-avó dessa menina, olha pra mim e lança o desafio: "você sabe escrever helicóptero?" claro que não sabia, mas claro que eu não peidei. e claro que eu errei. ainda não tinha entendido o mistério da letra H. 
a letra Z também me fascinava pela mentira do som aprendido e a realidade carioca. meu pai chama LUIZ. mas no colégio eu entendi que era pra fazer /luizê/ e em casa era só /luisch/, confuso. só quando começa, o Z é o Z. zebra, zigoto, zarabatana, zangado. no final vira o sotaque da cidade onde você se encontra. luz, sagaz, feroz. 


ando mezzo animada com minha literatura, para-além do exercício, tô sentindo o caule tomar corpo, nossa, como eu pude ser tão raiz tanto tempo. raízê.
se as maçãs não surgirem, tampouco as flores, eu sempre fui mais de planta mesmo. mesmo.