quarta-feira, 27 de outubro de 2010
sexta-feira, 22 de outubro de 2010
Essa tarde
Résumé, 1954
Debord e Fillard
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Exclamativa:
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
cerimônia
De duas, uma. Peço picolé mesmo com dedos necrosados, insisto no uso da luva, mas zombam. Zombam porque são adornados com gordura. Em mim é lacuna e comento com amigo magrélico: "não sofremos mais quando está frio?". Cabeça concordante, o nariz vira fuçinho e moça, por favor, um picolé de Talento. Agora tem. Tem até picolé de Batom. Seu filho merece. Pensei um monte de coisa pra escrever enquanto vinha até você e esqueci tudo, ou então é presença paterna que trava o troço. Preciso morar sozinha, me encavernar e passar o mesmo vestido uma três vezes. Aprender finalmente, a fazer um empadão. Socar a massa. Socar bife. Se me chama pra sair no tapa, eu apanho demais. Mas soletro maldições incríveis que tanto guardei. Crueldade estala quando periga. Estou dentro de um carro, bebendo uma garrafa de vinho, esperando dar a hora de entrar no teatro. Tomei abuso de teatro, logo eu, logo eu, não fique triste, nem pense que é um desperdício, você que me viu num palco há 4 anos atrás. Tive vergonha, mas vergonha é a esperança de uma criação, tosca e breve, mas sim, uma cria. A moça que passa, acompanha a moda. Ela lê as revistas especializadas, ela corta o cabelo-cuia-franja (saudade de ver a sobrancelha das mulheres e suas molduras inquietas), ela compra a calça que é tendência. Mas ela não cabe naquele espaço. O andar não se adapta à tal corpo estranho, e entre os meus dentes roxos, eu tento sua libertação, mas também eu sou muito, muito reservada. Achei incrível terem dito isso para mim há umas 3 semanas. Foi Bruna que disse. Poesia sabe qual papel é ruim e qual caneta puxa muito. Reservada esperando resposta de algum ponto do país, tomando porrada da tecnologia e pensando em números para a mega-sena. Os passantes, se fosse no Centro da cidade, estariam me desejando, apenas por conta do falo gelado na boca. Nunca mais pedi sorvete na Carioca, as visualizações fellatiais me irritam bastante, principalmente de quem tenho verdadeiro nojo. Mas o verdadeiro nojo só começa se os olhos viram gulosos, não sou tão cruel a não ser que tenham feridas abertas faciais. Agora muita gente escreve assim, tudo direto, onde começou essa urgência? Desenfreada. Minha digestão nunca mais foi a mesma depois da doença terrível mexicana que adquiri: verme. Mamãe tenta me sondar para parar de comer carne, mas bem sutilmente, pois não conheço outro modo de existência da minha mãe sem ser esse, de modo que às vezes me irrita tanta calma zenística. Eu disfarço ciúmes pensando em picas alheias. Infantil que só numa creche. Essa semana viverei canhota. O almoço já foi mais difícil e mouse com a esquerda também complica o cerebelo, mas acompanho meu avô numa viagem lisérgica ruim ao mundo do Alzheimer e minha mãe que só consegue me chamar de Lúcia, e me adianto logo em cuidar desse meu bem mais valioso: meu cérebro. Já disse que o cérebro é como o fundo do mar e conclui ontem que sou abissal. Abissal arisco, domesticado esquece o risco? Me deixando levar. Só acredito no coração de agora em diante. Parecia que ontem também, mas é a partir de agora, que só vale essa mão fechada no peito.