segunda-feira, 18 de outubro de 2010
Exclamativa:
Foi em julho. A gente fez um show no Sesc Pompeia, em Sãpa. Tinham 2oo pessoas, vai. A maioria nem sabia quem a gente era, conheça São Paulo. Começamos com "Sutiã", temos começado com essa: "Quando você sorri / o sorriso da nossa dinâmica / não o sorriso dos outros / Eu sinto um susto / de sutiã se abrindo sozinho". Sutiã sempre foi sacal pra mim, espeta, aperta, dizem que levanta, mas putz, jura mesmo? Claro que têm dias que dá agonia do bicho solto, acho que homem também deve ter isso sem cueca. Agonia da falta de tato da pele com algum tecido. Mas era bem pouco. Na maioria das vezes, eu curto a moleirinha e o vento que vem. Mas i'm not getting any younger e as pessoas se constrangem com pouco, então aderi, aderi o sutiã. Só que pra minha surpresa, o bicho vez ou outra abre sozinho. Mistérios da meia noite, é quase como se o tempo, deus, o karma, o diabo, estivessem me liberando. Lucas tem 7 risadas, todas catalogadas por miã. Mas tem uma que é pra mim. É quase como se o tempo, deus, o karma, o diabo, estivessem me liberando. Em São Paulo começamos com essa. Muita gente veio falar depois. Senhoras e senhores, literalmente. Uma mulher disse: "Achei que você tinha probleminha quando começou a cantar aquela primeira música". Daí o homem (não sei se estavam juntos ou ou ou): "Mas depois eu entendi que você é tímida e não devem acreditar quando você diz que sim". Homem, eu já nem posso mais dizer que sim, pois o coro me oprime e nesse caso acho mais fácil contar piada, arrotar talvez, validando minha falta de vergonha. Tenho achado legal também cultivar alguma coisa guardada, sagrada, isso aqui é meu, dentro. Vez ou outra o sutiã deixa escapolir. Sorte de quem sabe e não me desafia a nada, porque não é assim que eu engreno. O fato da arte ter me escolhido (jamais ao contrário) não é sentença para virar do avesso, apesar da jorrada de palavras, de imagens, de mistura e de sons que eu lanço ao universo. Sobre dores e delícias. De cada um. Ou ninguém nunca vai saber o preço disso. Ninguém nunca. Passa tempo, e os círculos aumentam, minha memória é testada diariamente oi-fulana ou e-aquele-dia, mas o foco diminui e isso não é despedida, esbarrão ainda rola, mas é que agora são outros sorrisos de outras dinâmicas. E sem susto. Letímida. Eu tenho sentido mais fome.
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