prefiro falar e escrever MEZZO do que "meio" porque sinto saudade da letra Z na nossa vida. não vejo muita zebra, tampouco zepelins e meu ouvido é bem tranquilo, de modo que não rola ZUNIDO. mas cadê essa letra gostoZa, derradeira, misteriosa e principalmente tesuda no nosso dia-a-dia? embora seja a onomatopeia do sono, o que questiono pois nunca ouvi alguém dormir em ZZZZZ, tal letra me deixa muito animada. não há, não rola. o que rola muito é H, quase sempre desnecessário e dando rasteira em geral, porque é um tal de "A cinco anos eu não ando de avião". tudo bem que você entende, todo mundo entende, mas é sabido que falta. mas falta porque, afinal?
com 6 ou 7, estava numa festa de adultos, só tinha uma criança, ficamos brincando de quadro-negro, não especificamos os cargos professora e aluna, a mágica era poder tocar no giz e num quadro negro. acabo de adorar escrever giz e hummm. GiZZZZZZ. uma hora chega uma tia-avó dessa menina, olha pra mim e lança o desafio: "você sabe escrever helicóptero?" claro que não sabia, mas claro que eu não peidei. e claro que eu errei. ainda não tinha entendido o mistério da letra H.
a letra Z também me fascinava pela mentira do som aprendido e a realidade carioca. meu pai chama LUIZ. mas no colégio eu entendi que era pra fazer /luizê/ e em casa era só /luisch/, confuso. só quando começa, o Z é o Z. zebra, zigoto, zarabatana, zangado. no final vira o sotaque da cidade onde você se encontra. luz, sagaz, feroz.
ando mezzo animada com minha literatura, para-além do exercício, tô sentindo o caule tomar corpo, nossa, como eu pude ser tão raiz tanto tempo. raízê.
se as maçãs não surgirem, tampouco as flores, eu sempre fui mais de planta mesmo. mesmo.
eita sutiliza delicioza.
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