segunda-feira, 2 de julho de 2012

sobre Z


prefiro falar e escrever MEZZO do que "meio" porque sinto saudade da letra Z na nossa vida. não vejo muita zebra, tampouco zepelins e meu ouvido é bem tranquilo, de modo que não rola ZUNIDO. mas cadê essa letra gostoZa, derradeira, misteriosa e principalmente tesuda no nosso dia-a-dia? embora seja a onomatopeia do sono, o que questiono pois nunca ouvi alguém dormir em ZZZZZ, tal letra me deixa muito animada. não há, não rola. o que rola muito é H, quase sempre desnecessário e dando rasteira em geral, porque é um tal de "A cinco anos eu não ando de avião". tudo bem que você entende, todo mundo entende, mas é sabido que falta. mas falta porque, afinal?
com 6 ou 7, estava numa festa de adultos, só tinha uma criança, ficamos brincando de quadro-negro, não especificamos os cargos professora e aluna, a mágica era poder tocar no giz e num quadro negro. acabo de adorar escrever giz e hummm. GiZZZZZZ. uma hora chega uma tia-avó dessa menina, olha pra mim e lança o desafio: "você sabe escrever helicóptero?" claro que não sabia, mas claro que eu não peidei. e claro que eu errei. ainda não tinha entendido o mistério da letra H. 
a letra Z também me fascinava pela mentira do som aprendido e a realidade carioca. meu pai chama LUIZ. mas no colégio eu entendi que era pra fazer /luizê/ e em casa era só /luisch/, confuso. só quando começa, o Z é o Z. zebra, zigoto, zarabatana, zangado. no final vira o sotaque da cidade onde você se encontra. luz, sagaz, feroz. 


ando mezzo animada com minha literatura, para-além do exercício, tô sentindo o caule tomar corpo, nossa, como eu pude ser tão raiz tanto tempo. raízê.
se as maçãs não surgirem, tampouco as flores, eu sempre fui mais de planta mesmo. mesmo. 

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