sempre quis, fissura aquática mesmo num mundo sustentável. eu acho as águas públicas, calma.
e também eu sempre morei em lugar com piscina. não que enrugasse a pele horas e horas, mas ela sempre esteve perto para qualquer desespero.
quem mora longe do mar vai inventando alguma coisa.
stellium em peixes, muitos planetas em peixes, sensibilidade aguda para mim, que sou terra. outros andam malucos. peixes também pode gerar isso. é o símbolo dos poetas e dos alcoolatras. astrologia é muito dual mesmo.
mas sim, ontem tive minha primeira aula de natação. comprei maiô, óculos e toca. fiz amizade com uma adolescente e ela foi me guiando num clube um pouco decadente mas ainda com charme na tijuca. (e não é assim TODA tijuca?)
a professora queria ver como eu nadava, ou como eu acho que é nadar. entrei na piscina com os óculos me prensando o cérebro e lá fui eu. alguns indo, outros vindo. um homem me paquerou embaixo d'água. que engraçado. que engraçado. depois de costas, eu pude ver a primeira estrela da noite sair, que coisa mais maravilhosa. a água aquecida, a princípio me deu agonia, sou dessas do banho frio, aos poucos até fui gostando da sensação. fui e voltei muitas vezes, com a prancha, sem. os outros nadadores batiam pé forte, e uma água entrou no meu olho tipo colírio - eu tinha tirado o óculos no nado de costas para ventilar o cérebro.
que sensação, que grande demência botar o corpo para trabalhar dentro d'água, por que não fiz isso antes, por que todos não fazem isso?
acabou a aula, tomei uma ducha, botei minha roupa e saí cambaleando, entorpecida pelas ruas tijucanas. quase caí. tomei um guaraná e comi no vietnamita que vende yakisoba na praça, é o melhor yakisoba que eu já comi na vida. 10 reais. sentei no banco da praça, meu corpo fincou raiz e não consegui me mexer: ainda estava na água.
o corpo é tão perfeito e se vale disso, a gente é que utiliza o cérebro e o ego para reclamar dele, grande injustiça. saí da natação amando meu corpo grande, magro em cima, corpulento no meio e magro embaixo. pêlos. nariz. orelha. boca. cicatrizes. pé de coelho. meu corpo. nadando ainda.
entorpecida por completo, me arrastei até o estúdio do lucas, deitei no chão um pouco, e eu estava num barco, quase. aquela coisa do dia em que você anda de montanha russa, manja?
horas depois gravei minha primeira guia de guitarra. e aceitei um gole de cerveja.
essa sou eu.
ontem, tive uma experiência: nadei sem os óculos, só com a força dos olhos fechados. recomendo, viu.
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