Eu escrevo no zine Ornitorrinco e saiu essa matéria bacanosa (só clicar na palavra Ornitorrinco). Daí eu escrevi um texto novo para o site do bicho:
sonho com água desde sempre. é o excesso de terra no meu mapa. alguma coisa do além me deixa molhadinha. gosto de água suor, gosto da água lágrima, xixi também me emociona, se for depois de uma fila de horrores num bar de terrores, então. acordo e bebo água. acordo no meio da noite para beber água. com formiga ou sem formiga. muita água junta me emociona. seja lago, poça ou oceano.
tem tempo isso, uma noite voyage voyage avec um grande amigo. contemplávamos o mar quando de repente o estalo da gravidade nos assombrou: a terra não vaza. não vaza. tá tudo aqui nessa bola gigantesca. que a gente não cai, eu já tinha dado a pala. mas que a água não vaza era inédito. que delírio, que besteira.
outro dia vi um astronauta mostrando em vídeo (não, no meu sonho, UHL) como ele fazia para tomar banho. muitas aspas nesse banho. ele soltava água de um compartimento, soltava mesmo, ela estava presa, e ele a libertava. cobria as bolas que agora flutuavam no céu feito um balé macabro do bem com um paninho e depois chegou bem perto da câmera e torceu o paninho molhado. e aí, meu bem, meu mal, virou matrix para mim. virou magia. virou cinema. virou amor. só vendo. tô até agora meio lesada, meio queixo caído, meio excitada, meio emocionada com a água no paninho, a água entrelaçada nos dedos do astronauta. eu não sabia se chorava ou se fugia pro mar com daryl hannah em SPLASH - uma sereia em minha vida.
não fiz nada, fiquei parada. mas sonhei. claro. sonhei que eu tinha uma banheira. não preciso de análise, perdão, mundo. só preciso de água.
"o mar serenou quando ela pisou na areia
ResponderExcluirquem 'canta' na beira do mar
é sereia."
entendo na pele seu amor por água,
tanta terra se não molha,
seca.