segunda-feira, 29 de agosto de 2011

chica, bon

o disco está ficando pronto. já tem nome. saiu duma poesia desse blog. do início do ano passado. quem for sagaz ou psyco, acha. por aqui escrevo pra mim. ou assim penso. meu amor, você me lê? curiosos, sintam-se bem.
o processo de FEITURA dum disco pode ser bem chato, viu? tem todo um hiato, barriga, desde a criação de uma música até ela existir. não posso nem pensar em como funciona um vinil, ou fita, ou cd, que eu piro, eu passo mal de tanto ficar MESMERIZED. ano que vem faço 7 anos.
mas sério, como funciona, brasil? você dá play e ouve minha voz naquela coisa redonda e espelhosa. minha voz ali dentro. coisa de maluco.
hoje chupei um chicabon, mas deu merda pois tinha acabado de mascar um trident. de modo que parecia que eu tinha dentes sensíveis, e talvez até os tenha. arrepiou tudo. suei baldes no suvaco.
dizem que é inverno. lucas me cheira antes de me beijar. acho sagrado até.
mas sim, chupei o picolé na voluntários da pátria. que rua feia, meu deus. quanto carro, quanto barulho, quanta obra. fui chupando o picolé do metrô até a sorocaba, onde tinha um ensaio dum lance aí.
é curioso observar como chupar um picolé pode afetar as pessoas. seja pra raiva. ou pro tesão. e sou bem sutil e suave. não acho que é um pau, porra. é um picolé, não tem mistério, nem mirabolância, nem salivação, e a cabeça derrete que só. PICOLÉ não é pau, caralho. POR QUE se incomodam?

enfim, o disco estå quase pronto. curtiu esse acento agudo gordo? åååååå!
tô tipo enloquecida da silva sauro.



sábado, 27 de agosto de 2011

Amo

"Presenciei a morte dela. Ela viveu como mulher de talento e inteligência, morreu como filósofa. (...) Ela só ficou na cama nos últimos dois dias, e continuou conversando tranquilamente com todos até o fim. E quando não pôde mais falar, estando já nas vésperas da agonia, soltou um peido alto e disse, se virando: 'Ótimo. Uma mulher que peida não morreu.' Essas foram suas últimas palavras."



Confissões, de Rosseau

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

ornitorrinco

tem uma tchurma bem boa escrevendo aqui no ornitorrinco.
eu também estou lá, tentando .


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

leave me alone

a independência individual seduz, não deveria nada a ninguém, não frustro nenhuma expectativa e monto meus horários. calhou d'eu amar um homem. estrondosamente trabalhamos juntos. apesar dos jornalistas insistirem, não, não há regras. sim, levamos trabalho pra casa, pra cama. ninguém aqui bate ponto. inventamos uma dinâmica. têm dias que dá certo, dá certo pra caralho, lucas, eu te amo, fica comigo pra sempre, me dá um filho teu, vamos morrer juntos com 97 anos, me come todo dia, te dou até meu cu, veja só. mas têm dias que é puro terror. lucas, eu te odeio, vai pra puta que pariu, tá tudo errado, nada vai dar certo, a gente tá muito fudido. e isso é maravilhoso, se você não percebe, sugiro PASSEAR.
o problema é que não dependemos só um do outro. existe uma banda. uma pessoa toca baixo, outro toca bateria. mas não dependemos só da gente. existe um escritório. que nos representa.
e todo esse convívio, esse tato é de puro amor & ódio. outro dia comentei que o meio termo morreu. hoje em dia ou eu conheço filha da puta cretino e parasita ou conheço uma gente linda, viva, generosa e do amor. saudade da dosagem certa, da cretinice bem colocada da boa moça e da generosidade espontânea de um calhorda. apesar da minha altura, não lido bem com extremos. e sem esse papo amywinehousewayoflive de "mas eu mergulho no fundo, eu sou o que sou até o final". apaporra. é onde o final, meu amor? é onde? pura blablasofia. vontade de mandar meio mundo pra porra. abrir o guarda-sol ou guarda-chuva, dar carona pro lucas porque hoje eu tô fã do amor. meu. dele. nosso. fugir pra grécia. e quando me incomodarem com "você tá falando grego!", eu vou poder concordar. concordar. porque por enquanto tô só na discórdia. greta garbo, eu te amo.

sábado, 20 de agosto de 2011

astro

logia espera muito de mim, não sei se consigo:


"Ao longo da vida, você vai solucionar várias situações críticas com seu engenho e sua mente inventiva e cheia de novos planos e idéias humanitários."

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Frenesi do zzzz



Não sei como começou mas eu em criança fingia que dormia na presença das pessoas. Queria saber se me segredavam algo. Fingia que dormia na frente dos meus pais. Encostava no sofá, fechava os olhos, mas estava atenta. Não diziam nada demais, ficava aliviada e ia logo brincar com minhas miniaturas de uma família urso.

A primeira vez, acho, foi na hora do recreio, as meninas trocavam papel de carta, eu sentei perto e fingi que hibernava. Eu não sei porquê, mas é isso mesmo. Eu queria saber. Mas não frontalmente, pois entendia a cerimônia e a decência do espaço da mentira. Queria saber se me achavam bonita ou legal, mas sem o risco de corar o rosto.

Eu, que sempre fui insone, achei que parecendo que dormia, o mundo se revelava outro. Não era bem assim. Meus irmãos deviam ter códigos quando dividíamos o quarto, e as meninas no recreio não tinham nem tempo pra me incluir em citações. Mas eu não desistia. Demorava séculos pra dormir de fato, mas o fingimento já rolava há uma hora. Não era a possibilidade de flagra que me seduzia, mas sim a observação do livre-espontâneo. Eu crescia e me separava cada vez mais dele. Dormir ainda era livre.

Numa viagem de excursão para Cidade da Criança, aconteceu. Eu fingia que dormia no banco e as pessoas falaram mal de mim. Ali foi o início da atenção aos meus extremos. Os tamanhos eram muito além do possivelmente permitido. Eu que talvez já tivesse reparado, era agora então, finalmente reparada. O mais curioso é que eu continuei de olhos fechados. Blábláblábláblá Letícia aquilo isso. Ouvi. O olho deve ter tremido um pouco. Mas o que eu lembro disso é que tudo que vi foi a Grécia. Sonhar é fechar os olhos. Foi nessa hora que eu compreendi. A redoma de vidro que a gente pode construir pra ter uma vida boa. Não é optar pela ignorância, é ser capaz de fingir que dorme. Conectar nossos fios com os nossos fios. Elas falaram que eu era feia, que eu parecia um zumbi. Mas o que fica não é bem isso. Fica mais que eu me visualizei mais velha, interessante, vivida, beijando homens bonitos, sendo feliz, tendo filhos. Visualizar impressão: Eu, em 2012, conhecendo a Grécia. No mesmo instante, eu criei outra vida pra mim. E essa vida chegou, olha que coisa. Tá chegando. Salvei a visualização pra mim. Salvar como? Foi ali que nasceu a atrizinha que mora em mim.

Depois parei um pouco de fingir que dormia. Me assumi insone. E não luto contra. Levanto, escrevo, leio, raspo a perna se for o caso. Mas outro dia não resisti. Sabia que o amor me olhava, sabia que ele tinha despertado antes de mim. E tem esse peso "OAMORTEOLHA". E resolvi fingir que dormia. Ele faria alguma coisa? Pode parecer óbvio o amor, mas não é bem assim, aviso logo para os que acham que a vida fica calma com ele. Pois eu fingia que dormia e ele me deu um beijinho. Sabe um beijinho? Fingi que semi-acordava, fiz cara de bebê que resmunga. O amor tem disso: a tal volta ao livre-espontâneo. Evoé.

E foi nesse dia, talvez de lua nova (eu que sempre atribuí grandes acontecimentos pra lua cheia, me surpreendi), insone que sempre fui, consegui dormir de verdade após o fingimento. Foi o beijinho. Sabe um beijinho?