sábado, 3 de setembro de 2011

dentrus

tem uma coisa que me une ao lucas que é bem bobo e sutil, mas faz diferença forte pra gente. o rio de janeiro é pequeno, dizem. não posso acreditar pois eu vivi (vivo) na parte norte da cidade. não sei usar bússola, dizem que é fácil, nunca vi uma, tento explicar pra um ou outro amigo que bate o pé dizendo que a tijuca é extensão da zona sul. eu chamo pra viver, pra passar infância, pra reconhecer os cheiros, mas já não daria mais tempo, eu luto dizendo que não, a tijuca é a tijuca, não é JAMAIS extensão da zona sul. lucas nasceu e viveu em petrópolis. veio pra cá depois. quase 20 anos. a maioria dos nossos amigos ou das pessoas com as quais trabalhamos tem zil histórias do colégio TAL da zona sul. da boate TAL da zona sul. eu e ele não temos. tenho pouquíssimos laços com gente do meu colégio, ele idem. nossos amigos, a vida foi dando na vida, não éramos pessoas de escola. sempre que tinha breves relacionamentos, eu passeei bastante uns bons (e ruins) 5 anos, pintava esse momento "onde você estudou? conhece fulano? já foi na situação tal?" eu não sabia de nada. poderia ser uma alienada, mas meu quarto sempre foi um TESOURO, minhas coisinhas, meu livros, minhas agendas, minhas miniaturas, a piscina no quintal, o sótão da minha casa, o altar do meu pai cheio de santos, eu jurava que alguns se mexiam, estátua me fascina, não é escultura, perdão, belas artes. é estátua. meu lugarzinho sagrado. era difícil dizer isso pra gente que queria saber se eu curti muito na wells fargo. escrevo certo? nem importa.
tudo isso pra dizer que eu não fui ao cep 20 mil do chacal ainda adolescente. já fui véia, vividiña. não que faça diferença, mas putz, talvez tivesse me ajudado com 16, a idade mais escrota até então. lucas tampouco foi. noites petropolitanas. ele é muito educado, o lucas. caslu.
em rodas com muita coisa em comum, muitos lugares parecidos, muitas praias e situações e coincidências, pra gente não. destaque. tudo na gente era inédito. tenho certo pavor de gente-referência. gente que cita MUITO outras pessoas, outras canções e acha explicação pra tudo em qualquer osho (zzzzzzzz) da vida. o que eu piro o cabeção no lucas é essa esquizofrenia dele da criação. quem pensa que o lucas ouve música, já que ele é músico, está muito enganado. o lucas não ouve música, gente. é tão lindo. ele tem até certo pavor. ele aceita os filtros. o que eu coloco, ele ouve. amigos, idem. mas ele não busca. ele cria. ele cria. é inspirador. e quando uma pessoa começa "porque nietzsche isso e clarice lispector aquilo..." (deixando claro todo meu louvor por esses citados), sinto uma certa síncope social, com vontade de dar um sacode do bem dado e falar:
"E O QUE VOCÊ ACHA, MEU AMOR?"
mas não amo essas pessoas que fazem isso, portanto.
semana passada o cep 20mil fez 21 anos. foi engraçado ver o chacal depois de ter lido a biografia dele. não que ele tenha contado coisas extremas, mas é um novo olhar, é sim.
se eu não parar de escrever nesse blog, não vou precisar de biografia, ou talvez as pessoas se interessem mais pelo
NO DIA 8 DE OUTUBRO EU ME APAIXONEI, MAS SÓ FUI DAR EM DEZEMBRO.
eu me interesso por tudo. chega a ser confuso. tudo é horrível. tudo é maravilhoso.
eu não tomo remédios, mas talvez deveria.
mas sim, no último cep, chacalício nos chamou pra cantar. pedi licença pra fazer uma performance astral. o nome era "não existe amor à primeira vista".
por trabalharmos juntos e cantarmos sobre o amor, as pessoas têm uma visão esquisitíssima que NASCEMOS UM PARA O OUTRO, QUE SOMOS ALMAS GÊMEAS, QUE SOMOS METADES QUE SE COMPLETAM.
parem, por favor, parem. reflitam. pensem bem. não existe nada disso. isso é cocô. eu não era um tronco andando e o lucas apenas pernas e UAU, nos encaixamos. não existe. não nasci pro lucas, nem ele pra mim, deus. deusas. relaxem. existe a sorte. e a manutenção da sorte. ganhei na loteria amorosa? ganhei. piramos. rimos pra caralho. temos tesão frêmito um no outro. e vamos vivendo. se você ganhasse 10 milhões na loteria, você não compraria apartamentos e e iria manter? estamos mantendo, mantendo. pois sim. fomos lá no cep. anunciei o nome da performance. e li. li emails que mudaram minha então MUITAS ASPAS vida MUITAS ASPAS.


lucas binario lucasbinario@hotmail.com
paraletícia novaes
data19 de dezembro de 2007 17:38
assuntoachei na rua
enviado porhotmail.com



Perguntando coisas pela rua, achei uma carta: dama. De paus.

Desculpe a choradeira.
Você é incrível e está muito próxima. Deu uma tristeza pelo inesperado.

Os 4 sambas são lindos.
Mais 40.

Te amo, seja qual for o movimento.




deletícia novaes letstellar@gmail.com
paralucas binario ,
lucas vasconcellos
data20 de dezembro de 2007 09:48
assuntoRe: achei na rua
enviado porgmail.com

Fiquei aqui com a página aberta há sabe-se lá quantos minutos. Achei de bom grado entrar no Google e ver o significado da Dama de Paus.
Princípio feminino e maternal. Fecundidade ou virgindade. Atração e proteção. Simbolismo lunar; água, mar. Receptividade, temperança, sabedoria. Mãe, esposa, namorada.
  • Mental: Confiança absoluta nos empreendimentos.
  • Anímico: proteção contra discórdias e desunião. Faz renascer a confiança.
  • Físico: grande energia interna, preservação nos negócios e na saúde.
  • (–) abatimento, confusão, vulgaridade; dificuldade para se livrar dos obstáculos.

    Nunca tive muito tato para as relações, embora viva escrevendo sobre isso. Não consigo demonstrar minha ternura, embora a tenha. Não sei que bicho vive dentro de mim que come isso. Verme, talvez. Agora botei uma música bonita pra ver se consigo escrever, visto que já estou com a página aberta há mais de 40 minutos. Lucas, Lucas, Lucas, quantas vezes eu puder escrever seu nome e cada vez que escrever sentir que você foi o grande achado desse ano, e olha que esse ano eu me desdobrei em zil funções, mas as coisas que a gente leva nessa vida não é o fato d'eu ter trabalhado na loja do meu irmão, ganhado uma grana e 3 cáries (ui). O que eu levo é você. É a AC. É o Lipe. Todas as risadas que me concederam após minhas palavras insanas, meus devaneios. Eu levo toda vez que você pegou no violão e cantou. Moço vulcão. Quando eu te vi chorando, era água querendo apagar lava. E eu perguntei onde doía só pra eu poder assoprar. O que acontece é que dá medo. Dos tatos, das especulações. E como eu vejo grandes planos pra gente, o tal do amor atrapalha. Dá tilt na cabeça. E eu não sei lidar, nunca soube, sou uma negação no amor. Embora, o ame. Eu amo o amor. Mas eu não sei viver com ele. Também você é incrível, e está além de próximo. É meio assustador até. Porque você chegou já dentro, sabe assim? Nem entrou, já estava aqui. Os 4 sambas só são lindos porque você existe. Na minha cabeça era só melodia, você tornou real, muito obrigada (além de ter causado inspiração, rá!). Aliás, aquela noite foi muito, muito especial. E mesmo que depois eu tenha entrado numa do afastamento, isso também foi bom. Fui pra casa quase tendo um aneurisma de tanto pensar no que eu fiz. Mas as coisas são o que têm de ser. "Foste em minha vida como o amanhecer, foste o que tinha de ser". É Vinícius isso? Acho que sim. Mas é assim. Eu quero romances, eu quero amor, eu quero tudo, eu sou um partido alto (hahahaha, que besteira). Mas de repente agora, embrionei, escondi a cabeça embaixo do casco. Mergulhei dentro. Mas te quero perto, te quero sempre. Meu Roberto de Carvalho. Mais 40 sambas, sem dúvida. O movimento é de vôo, mas vôo coletivo. Sabia que vão tirar os acentos circunflexos de vôo, enjôo? Lástima. A Língua Portuguesa chora. Voando, a gente se esbarra, e eu te prometo abraço sempre. Queria te ver antes d'eu viajar. Todos os beijos e todo amor que houver nessa vida.




    delucas binario lucasbinario@hotmail.com
    paraletícia novaes
    data21 de dezembro de 2007 12:43
    assuntoRE: achei na rua
    enviado porhotmail.com

    Ai Lettuce, Letícia Novaes,

    Tens uma música nova pra nós?

    És meu achado do ano tb. Acho que a gente se escreveu (se desenhou, se narrou, se musicou, se regou, se negou, se pegou, se embebedou e se chocolatizou) quase todos os dias depois que se conheceu.(clima verdadeiro de retrospectiva que vc plantou)

    Que coisa que coisa. Muito rara. Minha semelhante, cadê a aventurice? Cadê o casco translúcido pra ver tudo e ao mesmo tempo proteger-se?
    Momento de vida, total. Só sabe de si quem tá dentro. Tem épocas assim mesmo. Mas imprevistos sempre sempre.

    Não era pra eu ter essa tristeza , mas ela tá aqui, bem nítida 29 polegadas plasma cristal líquido. Um alfinete de algodão me espetando o lado esquerdo quando te lembro. Passará. Dois pássaros que voando se esbarram.

    Grava no celular a melodia do novo sucesso.

    Ontem na laranjeiras foi uma fritação. um movimento reveillon. "Despedida" minha até o ano que vem. Oh...que longe...

    Nosso acid está na gaveta. A praia vai ficar lá nos próximos quinhentos anos, tomara.

    Te beijo, minha saída pela esquerda (esse lado de novo).
    Vou dar uma sumidinha, silêncio pra sentir essa mini-tragédia e ser seu amigo (abraço prometido pra sempre) logo logo.

    Te escrevo as novas, Novaes.

    PS* Que carta boa segundo o google, não? Curti a água, sempre, derramando significados. Gostei da palavra anímico. Vou usar por aí.


    Nenhum comentário:

    Postar um comentário