levei 4 pontos no suvaco
nunca tinha levado ponto
nunca abri nada
tampouco quebrei
já me machuquei um bocado
mas nunca tinham me costurado
e logo no suvaco
meu amor
meus ferormônios
meu tesão todo
4 pontos no suvaquinho esquerdo
mais uma cicatriz pra amar
e ficar me me admirando no espelho
terça-feira, 6 de novembro de 2012
domingo, 7 de outubro de 2012
revelaçãoziña
já sabia que fui bebê difícil, filha do verão da classe média sem ar condicionado. caçula de 3, menino é mais fácil? os meus irmãos eram. nasci chatinha, vênus retrógrada, rolou alguma coisa sim. minha mãe cansada, também pudera, parada louca, hoje em dia nem filho tenho e meus amigos só têm 1 e já sofrem, já não saem de casa pra nada, e minha mãe teve 3 em menos de 5 anos, pow pow pow.
gosto de saber da minha infância, é minha lua. me leva diretamente pra isso. lucas não, lua em aquário, acha fofo descobrir, ri, mas não se apega a isso, de maneira alguma. eu faço alusões, interpreto, levo pra além. pois outro dia mamãe soltou uma inédita. disse que eu não dormia, isso já sabemos, isso mantemos, oh, céus, mas sim eu não dormia de jeito nenhum, e ela ficava na cama comigo, cantando e eu dizia "você está cantando errado, mamãe" ou "não é assim, é melhor você parar de cantar". chata. mas ri baldes. não sabia disso, sempre houve violão na família, mas só mais criança mesmo isso passou percebido. fiquei feliz de saber que já com 2 anos a música tinha um lugar de atenção. chata, insone, maluca, mas atenciosa à letra.
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
tijuca, minha
texto de julho de 2008
A Tijuca não existe, e eu, portanto, invento caminhos e pessoas. Mas acreditem em mim quando eu contar isso:
Tive uma vida de oito anos de aparelho, a conseqüência é um sorriso bacana que condiz com a gargalhada. Agradeço ao Dr. Antônio e a meus pais que pagaram fortunas. Mas no fundo-no fundo, tenho dentes meio fracos, apesar de raízes enormes que quase me matam na hora de arrancar o siso.Bonitinha mas ordinária. Inclusive já tive até que tratar um canal em um dente. Terror, aflição e sangue. Passei um dia coçando a gengiva com a língua. Aquela coisa inicial gostosa. De repente, começou a doer e lá fui eu ao Nilo, dentista da família e meu conhecedor há 20 anos. Figura de sobrenome Máximo. Saí do Nilo com risadas, oralmente anestesiada, broncas por deixar de ir lá e com saudades de andar ao léu pela Tijuca bizola, amada & odiada. Esperava o amor ligar e então fui passear. Praça Saens Peña. Uma mini Copacabana, mas muito mais retrógrada e tradiça. Resolvo sentar num banco onde duas senhoras conversam. Eu sento. A senhora de óculos começa: “Que dentes bonitos você tem!” Rio da coincidência ou da falta dela e da praticidade do mundo se mostrar mundo para mim e agradeço. Ela continua: “Mas você é realmente muito bonita, minha filha”. A amiga, portuguesa por sotaque, emenda: “De fato, um moça muito elegante.” Eu agradeço de boca um pouco torta. E começamos uma conversa pra lá de antiga. Nisso, um homem com calça camuflada começa a pregar a palavra de Deus para uma praça que não lhe olha. Os homens jogam buraco e não ligam. Casais em outro bancos não param o beijo. E o homem urra: “Deus não abençoa os ladrões”. Para meu espanto, a senhora portuguesa até então mais tímida, grita: “Mas o ladrão não nasceu ladrão”. A senhora de óculos, constrangida, faz sssshhhh para amiga que acabara de se revelar anarquista. O amor liga e eu preciso ir embora. Me despeço e ouço um “Cuide bem dos seus dentes, minha filha” que me deixa arrepiada e com vontade de passar fio dental até sangrar tudo. Levanto e vejo uma garça no laguinho que sempre foi sujo e sempre alegrou descamisados no verão. Nisso, uma mulher, já senhora, mas com efeitos de plástica, coordena um fotógrafo atrapalhado: “Isso, aqui, agora assim. Vai” Ela está com um guarda-chuva mezzo brega, mezzo dispensável. Ela senta no chão, aos pés do laguinho tijucano e grita: “Pega a garça ao fundo”. As pessoas param e observam o editorial cafona. Me junto a um grupo de curiosos e tentamos adivinhar quem é ela. Mas desisto de tentar quando dizem que ela fez “Barriga de aluguel”. Minha memória vai até a esquina. E volta. Mas o melhor, o que me fez delirar foi quando uma empregada doméstica (digo isso pois ouvi sua profissão, meu julgamento é tão fora da realidade que poderia pensar qualquer coisa dela) ficou olhando atentamente a modelo sentada aos pés do chafariz, e o fotógrafo Glamour Foto Studio dizendo uma ou outra coisa sem sal. Ao ver um saco plástico compondo a foto, a empregada doméstica não pensou duas vezes: virou diretora de arte.
- Tira esse saco plástico debaixo do seu pé, minha querida.
Saco no lixo, flash liberado, foto feita e todo meu amor pela Tijuca de volta.
A Tijuca não existe, e eu, portanto, invento caminhos e pessoas. Mas acreditem em mim quando eu contar isso:
Tive uma vida de oito anos de aparelho, a conseqüência é um sorriso bacana que condiz com a gargalhada. Agradeço ao Dr. Antônio e a meus pais que pagaram fortunas. Mas no fundo-no fundo, tenho dentes meio fracos, apesar de raízes enormes que quase me matam na hora de arrancar o siso.Bonitinha mas ordinária. Inclusive já tive até que tratar um canal em um dente. Terror, aflição e sangue. Passei um dia coçando a gengiva com a língua. Aquela coisa inicial gostosa. De repente, começou a doer e lá fui eu ao Nilo, dentista da família e meu conhecedor há 20 anos. Figura de sobrenome Máximo. Saí do Nilo com risadas, oralmente anestesiada, broncas por deixar de ir lá e com saudades de andar ao léu pela Tijuca bizola, amada & odiada. Esperava o amor ligar e então fui passear. Praça Saens Peña. Uma mini Copacabana, mas muito mais retrógrada e tradiça. Resolvo sentar num banco onde duas senhoras conversam. Eu sento. A senhora de óculos começa: “Que dentes bonitos você tem!” Rio da coincidência ou da falta dela e da praticidade do mundo se mostrar mundo para mim e agradeço. Ela continua: “Mas você é realmente muito bonita, minha filha”. A amiga, portuguesa por sotaque, emenda: “De fato, um moça muito elegante.” Eu agradeço de boca um pouco torta. E começamos uma conversa pra lá de antiga. Nisso, um homem com calça camuflada começa a pregar a palavra de Deus para uma praça que não lhe olha. Os homens jogam buraco e não ligam. Casais em outro bancos não param o beijo. E o homem urra: “Deus não abençoa os ladrões”. Para meu espanto, a senhora portuguesa até então mais tímida, grita: “Mas o ladrão não nasceu ladrão”. A senhora de óculos, constrangida, faz sssshhhh para amiga que acabara de se revelar anarquista. O amor liga e eu preciso ir embora. Me despeço e ouço um “Cuide bem dos seus dentes, minha filha” que me deixa arrepiada e com vontade de passar fio dental até sangrar tudo. Levanto e vejo uma garça no laguinho que sempre foi sujo e sempre alegrou descamisados no verão. Nisso, uma mulher, já senhora, mas com efeitos de plástica, coordena um fotógrafo atrapalhado: “Isso, aqui, agora assim. Vai” Ela está com um guarda-chuva mezzo brega, mezzo dispensável. Ela senta no chão, aos pés do laguinho tijucano e grita: “Pega a garça ao fundo”. As pessoas param e observam o editorial cafona. Me junto a um grupo de curiosos e tentamos adivinhar quem é ela. Mas desisto de tentar quando dizem que ela fez “Barriga de aluguel”. Minha memória vai até a esquina. E volta. Mas o melhor, o que me fez delirar foi quando uma empregada doméstica (digo isso pois ouvi sua profissão, meu julgamento é tão fora da realidade que poderia pensar qualquer coisa dela) ficou olhando atentamente a modelo sentada aos pés do chafariz, e o fotógrafo Glamour Foto Studio dizendo uma ou outra coisa sem sal. Ao ver um saco plástico compondo a foto, a empregada doméstica não pensou duas vezes: virou diretora de arte.
- Tira esse saco plástico debaixo do seu pé, minha querida.
Saco no lixo, flash liberado, foto feita e todo meu amor pela Tijuca de volta.
sexta-feira, 14 de setembro de 2012
vã___peera
tive um pesadelo carioca. mas antes eu era uma vampira. nunca curti vampiros, livros, filmes, nem aquele melhorzinho com ator bonitinho, nada disso. não por medo, bocejo mesmo. não entro numas, daí quero rir, mas nem rio porque nem é engraçado, aí não dá.
mas daí sonhei que era uma vampira. meus olhos eram incrivelmente vermelhos, e nem sei sei isso é característica. pra você ver, nem lembro dos dentes, dos caninos afiados, só lembro dos meus olhos serem duas poças de sangue.
me mordiam num evento, eu virava uma na hora. daí eu saía na rua e aí PESADELO CARIOCA. o bueiro onde estou pisando vai explodir, não sei como sei ou sinto, só sei que não dá tempo pra nada. o bueiro explode, e porque vejo muitos filmes, essa cena é em slow motion. não morro. mas voo no ar surrealmente. tenho certeza que vou me machucar. talvez não morra porque sou vampira. só pensei isso agora enquanto escrevo. escrever me ajuda a pensar. depois vou para a casa de uma amiga, toda decorada com azeitonas, engraçado. ela tem uma revista chamada "amor de gay" em cima da mesa.
lucas e eu brigamos para achar a casa dela por conta do gps.
essa parte não foi legal. e a culpa como sempre, foi minha. ser mulher pode ser tão chato.
queria ser vampira.
mas daí sonhei que era uma vampira. meus olhos eram incrivelmente vermelhos, e nem sei sei isso é característica. pra você ver, nem lembro dos dentes, dos caninos afiados, só lembro dos meus olhos serem duas poças de sangue.
me mordiam num evento, eu virava uma na hora. daí eu saía na rua e aí PESADELO CARIOCA. o bueiro onde estou pisando vai explodir, não sei como sei ou sinto, só sei que não dá tempo pra nada. o bueiro explode, e porque vejo muitos filmes, essa cena é em slow motion. não morro. mas voo no ar surrealmente. tenho certeza que vou me machucar. talvez não morra porque sou vampira. só pensei isso agora enquanto escrevo. escrever me ajuda a pensar. depois vou para a casa de uma amiga, toda decorada com azeitonas, engraçado. ela tem uma revista chamada "amor de gay" em cima da mesa.
lucas e eu brigamos para achar a casa dela por conta do gps.
essa parte não foi legal. e a culpa como sempre, foi minha. ser mulher pode ser tão chato.
queria ser vampira.
segunda-feira, 20 de agosto de 2012
nau
na umbanda, o dia de iemanjá é comemorado dia 15 de agosto. é o sincretismo afinando com nossa senhora da glória. pra mim, os dias são os dias. tento reduzir a importância, mas ao mesmo tempo estou estudando astrologia com toda força do meu cerebelo. acredito nos festejos. os naturais e selvagens, os comerciais eu tenho vergonha e meus pais sabem disso, não esperam presentes e nunca me deram no dia das crianças. trauma nenhum. ensinamento.
pois então era dia de iemanjá, eu me encontrava feliz, coisa rara pra agosto. me percebi mais reclamona do que triste nos últimos meses. tristeza é um troço profundo e quase doente, e se meu nome me foi concedido é preciso fazer justiça a ele. vamos lá, tudo bem, vamos lá, tudo bem. quantas vezes eu precisar escrever e cantar isso.
senti que queria agradecer, não pedir. já vi muita gente no centro espírita do meu pai pedir coisas. já vi um senhor, quase mendigo, agarrando com toda força dos seus dedos um bilhete de loteria. eu também jogo, mas não agarro. tem que ter humor. ele levava aquilo a sério. eu só queria agradecer. na casa dos arquétipos. na casa que frequento desde criança e costumava rir ao ver meu pai encorporado. imagina. meu pai, que trabalha no banco do brasil e fumava parliament e ouvia barry white ou raça negra aos domingos, meu pai, um metro e noventa e seis, falando que nem um velho (na sessão de pretos velhos) ou que nem criança (na sessão de cosme & damião). era hilário e se meu olho cruzasse com meus irmãos, quá quá quá.
mas eu ia, sempre ia. não obrigada. minha mãe perguntava "quer ir?". eu sempre disse sim, estranho.
as primeira vezes me perdia na parede, nas imagens, na janela que dá para uma rua em são cristóvão. batia palma, cantava os pontos bonitos. mas me perdia também. fui crescendo e comecei a entender o poder da concentração. me esforço nela. sou franga ainda. sou facilmente distraída. minha mãe é buda. medita há 30 anos. eu tenho 30 anos. minha mãe medita desde minha existência. ela tentou me levar. não consegui. meu corpo é grande, meu coração é enorme. me exalto. me exaspero. o centro entende mais meus metros. posso bater palma, posso esticar a perna. vez ou outra me chamam no meio. eu danço com quem me chama. me arrepio quase sempre. não recebi nenhum chamado. não sei se quero. oscilo muito. meu pai recebe desde os 17. já tive uma experiência forte, depois conto se não o texto não vai caber nem na minha cabeça.
pois então era dia de iemanjá. soube em 2007 que era filha dela. com xangô. protegida por oxalá. frisaram. sempre me senti protegida. tenho vida noturna. não morei na zona sul. sempre tive que voltar. além túnel. dirigindo. taxi. loucona. ou não. nunca aconteceu nada de ruim. pepinos mil. galhos mil. ruim? não. sou filha dela. dele. protegida por oxalá.
opa.
fiz um espetáculo chamado "nau" com pessoas que amo além túnel, além vida. lucas, marcio, bruna, andré. fizemos porque mergulhamos. porque sabemos o que é abrir o olho embaixo d'água e ver uma parte do corpo da prima, do primo. fizemos porque nos lambemos depois da praia, sal sal sal sal sal sal. fizemos porque somos grandes e sabemos da enormidade que é o oceano. foi muito importante ter feito isso. foram 3 dias. senti saudade até de ser atriz, quem diria. tive uns sonhos tesudíssimos. sempre, sempre, SEMPRE sonhei com água. quase todo dia da vida sonho com água. foi meu primeiro assunto com lucas. o fato d'eu sonhar com água. ele disse que tinha a ver com sexo. que tenha.
a "nau" me sacudiu forte. com todos os sentidos. fui puro sentido, aliás.
minha vênus em aquário faz isso comigo, que bom, que ufa gostoso.
no centro, no dia da festa de iemanjá, sentei ao lado da minha mãe. minha vó e meu irmão na frente.
festa bonita, senhorinhas lindas, homens bonitos, inclusive meu pai.
é engraçado perceber a hora que um ponto começa e meu pai já dá uma balançada. e eu penso: "é agora, ele vai receber".
meu pai, 1.96m, moreno, já quase careca, mas ainda com bigode, meio gordo, meio árabe, mas na real é filho de nordestino, meio estrábico, olho verde musgo, começa a sentir uma coisa intensa, bate palma diferente, fecha os olhos, e se encaminha ao altar, ele agradece e vai cumprimentando todos os outros médiuns. chega na beira e olha para a gente, o público. ele está recebendo uma entidade feminina, e é a coisa mais linda do mundo aquele homem pelo qual eu nasci, eu-porra, dentro do saco dele, entrando dentro da minha mãe, meu pai, lindo, LINDO, recebendo uma entidade feminina, nossa. choro. choro baldes. rios. choro mares.
conforme os pontos (as músicas) vou vendo a filiação de cada um. depois cantam músicas de oxum, mamãe pisciana chora de um jeito lindo e contido e francês, é filha de oxum, claro, confirmo depois. minha vó só se anima e fica grande no gestual com ponto de iansã, filha dela, claro. há muito tempo, quando minha vida era outra, o caboclo do meu pai costumava me chamar ao centro. dizia coisas. hoje não. não disse nada. fiquei esperando. chamaram meu irmão. dançaram com ele. meu pai, quer dizer, a entidade que meu pai recebe, chamou meu irmão, várias vezes. eu fiquei esperando. mas não, nada. hoje não. hoje nada.
depois pensei: eu estou bem, eu estou feliz. isso não precisa de alarde. meu irmão precisa de mais carinho e cuidados, levem-no, isso, vamos cuidar do bernardo.
mais lágrimas. mais choro. sessão com pontos de entidades femininas é assim mesmo.
acabou. abracei meu pai e disse "foi lindo", meu pai meio duro, meio de volta, meio sem jeito, meio ascendente em virgem que ele tanto negou só diz: "né"
volto pra casa com outra rosa branca, a primeira me foi dada na noite na "nau".
peço mar aberto pra marcio, bruna, andre, lucas, fabinho, thomas, e todos os outros que nos ajudaram pra que isso existisse, pra que isso pudesse ser mostrado, pra que nossa petulância resultasse em algo.
na rua de são cristóvão, noite quente, procuro a lua no céu, e encontro um fiapo.
dizem que a lua cheia é a mais intensa. questiono.
pois então era dia de iemanjá, eu me encontrava feliz, coisa rara pra agosto. me percebi mais reclamona do que triste nos últimos meses. tristeza é um troço profundo e quase doente, e se meu nome me foi concedido é preciso fazer justiça a ele. vamos lá, tudo bem, vamos lá, tudo bem. quantas vezes eu precisar escrever e cantar isso.
senti que queria agradecer, não pedir. já vi muita gente no centro espírita do meu pai pedir coisas. já vi um senhor, quase mendigo, agarrando com toda força dos seus dedos um bilhete de loteria. eu também jogo, mas não agarro. tem que ter humor. ele levava aquilo a sério. eu só queria agradecer. na casa dos arquétipos. na casa que frequento desde criança e costumava rir ao ver meu pai encorporado. imagina. meu pai, que trabalha no banco do brasil e fumava parliament e ouvia barry white ou raça negra aos domingos, meu pai, um metro e noventa e seis, falando que nem um velho (na sessão de pretos velhos) ou que nem criança (na sessão de cosme & damião). era hilário e se meu olho cruzasse com meus irmãos, quá quá quá.
mas eu ia, sempre ia. não obrigada. minha mãe perguntava "quer ir?". eu sempre disse sim, estranho.
as primeira vezes me perdia na parede, nas imagens, na janela que dá para uma rua em são cristóvão. batia palma, cantava os pontos bonitos. mas me perdia também. fui crescendo e comecei a entender o poder da concentração. me esforço nela. sou franga ainda. sou facilmente distraída. minha mãe é buda. medita há 30 anos. eu tenho 30 anos. minha mãe medita desde minha existência. ela tentou me levar. não consegui. meu corpo é grande, meu coração é enorme. me exalto. me exaspero. o centro entende mais meus metros. posso bater palma, posso esticar a perna. vez ou outra me chamam no meio. eu danço com quem me chama. me arrepio quase sempre. não recebi nenhum chamado. não sei se quero. oscilo muito. meu pai recebe desde os 17. já tive uma experiência forte, depois conto se não o texto não vai caber nem na minha cabeça.
pois então era dia de iemanjá. soube em 2007 que era filha dela. com xangô. protegida por oxalá. frisaram. sempre me senti protegida. tenho vida noturna. não morei na zona sul. sempre tive que voltar. além túnel. dirigindo. taxi. loucona. ou não. nunca aconteceu nada de ruim. pepinos mil. galhos mil. ruim? não. sou filha dela. dele. protegida por oxalá.
opa.
fiz um espetáculo chamado "nau" com pessoas que amo além túnel, além vida. lucas, marcio, bruna, andré. fizemos porque mergulhamos. porque sabemos o que é abrir o olho embaixo d'água e ver uma parte do corpo da prima, do primo. fizemos porque nos lambemos depois da praia, sal sal sal sal sal sal. fizemos porque somos grandes e sabemos da enormidade que é o oceano. foi muito importante ter feito isso. foram 3 dias. senti saudade até de ser atriz, quem diria. tive uns sonhos tesudíssimos. sempre, sempre, SEMPRE sonhei com água. quase todo dia da vida sonho com água. foi meu primeiro assunto com lucas. o fato d'eu sonhar com água. ele disse que tinha a ver com sexo. que tenha.
a "nau" me sacudiu forte. com todos os sentidos. fui puro sentido, aliás.
minha vênus em aquário faz isso comigo, que bom, que ufa gostoso.
no centro, no dia da festa de iemanjá, sentei ao lado da minha mãe. minha vó e meu irmão na frente.
festa bonita, senhorinhas lindas, homens bonitos, inclusive meu pai.
é engraçado perceber a hora que um ponto começa e meu pai já dá uma balançada. e eu penso: "é agora, ele vai receber".
meu pai, 1.96m, moreno, já quase careca, mas ainda com bigode, meio gordo, meio árabe, mas na real é filho de nordestino, meio estrábico, olho verde musgo, começa a sentir uma coisa intensa, bate palma diferente, fecha os olhos, e se encaminha ao altar, ele agradece e vai cumprimentando todos os outros médiuns. chega na beira e olha para a gente, o público. ele está recebendo uma entidade feminina, e é a coisa mais linda do mundo aquele homem pelo qual eu nasci, eu-porra, dentro do saco dele, entrando dentro da minha mãe, meu pai, lindo, LINDO, recebendo uma entidade feminina, nossa. choro. choro baldes. rios. choro mares.
conforme os pontos (as músicas) vou vendo a filiação de cada um. depois cantam músicas de oxum, mamãe pisciana chora de um jeito lindo e contido e francês, é filha de oxum, claro, confirmo depois. minha vó só se anima e fica grande no gestual com ponto de iansã, filha dela, claro. há muito tempo, quando minha vida era outra, o caboclo do meu pai costumava me chamar ao centro. dizia coisas. hoje não. não disse nada. fiquei esperando. chamaram meu irmão. dançaram com ele. meu pai, quer dizer, a entidade que meu pai recebe, chamou meu irmão, várias vezes. eu fiquei esperando. mas não, nada. hoje não. hoje nada.
depois pensei: eu estou bem, eu estou feliz. isso não precisa de alarde. meu irmão precisa de mais carinho e cuidados, levem-no, isso, vamos cuidar do bernardo.
mais lágrimas. mais choro. sessão com pontos de entidades femininas é assim mesmo.
acabou. abracei meu pai e disse "foi lindo", meu pai meio duro, meio de volta, meio sem jeito, meio ascendente em virgem que ele tanto negou só diz: "né"
volto pra casa com outra rosa branca, a primeira me foi dada na noite na "nau".
peço mar aberto pra marcio, bruna, andre, lucas, fabinho, thomas, e todos os outros que nos ajudaram pra que isso existisse, pra que isso pudesse ser mostrado, pra que nossa petulância resultasse em algo.
na rua de são cristóvão, noite quente, procuro a lua no céu, e encontro um fiapo.
dizem que a lua cheia é a mais intensa. questiono.
sexta-feira, 10 de agosto de 2012
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
vaiq
maior sacode. se der mole, é cabum total. raio caindo. três segundos de luz. por aí. trovão não. porque envolve barulho, e não chega a ser estrondo. se fosse, eu estaria ensandecida, e tô só com muita vontade de gargalhar e fico falando sozinha também. e passando a língua no céu da boca. quase nos dentes, esse pedacinho sagrado. aliás, se alguém algum dia sofrer desse mal que deve ser perder tesão em qualquer coisa, pessoa, comida, sugiro fazer cosquinha no céu da boca, mas sempre próximo aos dentes. tudo volta. gran sacode.
de resto, vez ou outra um raio, iluminando o susto que tem que ser iluminado.
tem gente que precisa apagar mensagem pra caber outras. eu não. pode vir. tudo.
de resto, vez ou outra um raio, iluminando o susto que tem que ser iluminado.
tem gente que precisa apagar mensagem pra caber outras. eu não. pode vir. tudo.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
say my name, say my name
descobri que o luciano huck e a angélica vão dar o nome pra filha que eu pretendia dar à minha quando a tivesse. fón. big fón. essa coisa de nomes é engraçada. têm os da moda e você entra na maternidade e todas as portas dizem bem-vindo, X, bem vinda, Y. troquei as letras e os cromossomos do sexo, reparei. há os que arriscam, e neles boto fé, pois não quero meu filho sendo chamado pelo sobrenome ou por algum apelido situacionista. mas também acredito em destino. e eu mesma já apelidei alguns queridos nessa vida. rolam também as homenagens. acho maior risco carmático botar nome do pai ou da mãe no rebento. de vó ou vô, já consigo. de repente carma é que nem miopia e pula uma geração. rá. há ainda uns dementes que colocam no nome dos filhos, nomes de tiranos ou até mesmo amantes. muito peso acarreta, condena praticamente. agora fiquei sem nome pra filha, não quero parecer que imitei o luciano huck e a angélica, bons moços que me fazem dizer argh vez ou outra. volto pra outro século, pra minha própria árvore genealógica e me deslumbro ao pensar que um dia foi tranquilo e normal batizar alguém de EROTHILDES (minha tia-vó), ALTAMIRA (minha bisa) , DAGOBERTO (meu biso), MARPHISA (minha vó) e RÉGIA (outra vó). ciao, eva. gracias pelo útero oco e o coração cheio.
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