segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

meio do céu

fiz meu mapa astral, saturno retorna e eu tento rebolar com os anéis concedidos. entendi que eu tenho que fazer tudo. que minha vênus em aquário está escondida porque caprinamente com virgem, fico analisando e ponderando. mas na real, tenho mais é que vazar por aí. cheia de água aqui dentro posso até ficar enjoada. fazer aniversário é um troço tão sensível e ao mesmo tempo tão banal, e ainda inventaram de botar um ano novo cristão pra me infernizar só mais um cadinho. mas ó, vou fazer 29 anos e gosto disso. AVISO AO MUNDO QUE EU GOSTO DISSO.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

desapego do baú


tem tempo já, mas a lua me trouxe a lembrança. coccarelli, pai da minha querida & eterna musa criativa joana coccarelli, fez um site com suas obras. jojô chamou alguns interventores pra criar coisas em cima. escolhi essa imagem e bolei essa mirabolância. era 2mil&5. "desculpa-qualquer-coisa". coçei o dedo querendo editar uma outra palavra que hoje em dia me soa distante, mas relembrei dos meus 23 insanusanus e deixei. deixei. ofereço.



"A única vez que eu bati o carro...", ela disse enquanto colocava o cabelo atrás da orelha, "...foi porque a lua estava muito bonita." concluiu com um sorriso. Ele fez uma cara de "Isso não tem o menor cabimento", mas apenas preferiu falar: "Que bonito isso... bater o carro por estar distraída com a lua." Era a primeira vez que se encontravam na luz do dia. Ela, discretamente confirmava sua teoria de que ele tinha os braços mais curtos que os dela. Ele, gesticulava pouco enquanto comentava sobre a possibilidade de estarem sendo vistos por alguém. "É preciso ter muito cuidado", ele dizia enquanto bebia seu primeiro gole do chopp. "Muito cuidado..." ela pensava. "Muito cuidado comigo!", deixou escapar em voz alta ao que ele apenas fingiu não ter escutado, balbuciando um "Oi?" e ela fazendo cara de "Nada não, esquece". Eram duas horas da tarde e o céu começava a escurecer, parecendo ser oito horas da noite. Comentaram sobre como o tempo é imprevisível. "Como você", ela pensava baixinho, mas tinha certeza de que seu rosto transparente deixaria claro seu pensamento para ele. Toda a conversa tomava tons de metáfora o que deixava difícil saber se estavam brincando ou se estavam falando sério. Estavam nervosos, mesmo em território neutro, e ela sabia que teria que ser a primeira. Sabia-se mais homem do que ele próprio. Deu um longo gole no chopp, o que o deixou um pouco impressionado e disse calmamente, olhando para ele, enquanto quebrava um palito de dente em 6 pedaços: "Eu gosto de você." Ele tinha olheiras de gente que dorme 5 horas por noite, mas um sorriso arrebatador de gente que vive bem 18 horas por dia. "Eu também." disse firme, mas com o rosto um pouco blasé. Silêncio. Brincaram de sério por alguns segundos. Se olharam, sem falar nada, sem ao menos mudar as linhas de expressão da face. No céu, causando pequenos sustos e também admiração, raios e trovões faziam uma assustadora trilha sonora. Mas não caía nenhuma gota das nuvens pesadas que pareciam achatar o mundo. "Mas a gente não pode. E você sabe disso", disse ele, como se tivesse querendo falar isso desde o momento em que haviam sentado ali. Logo em seguida começou todo um discurso sobre continuar a serem amigos. Uma espinha nasceu na testa dela nesse momento. Pediu licença e levantou rápida para o banheiro, onde o espelho denunciava uma tristeza que só o desamor consegue causar. As sobrancelhas parecem pesar dez quilos cada. Fez um litro de xixi e quando se limpou viu que havia ficado menstruada. Gritou alguns palavrões quando percebeu que não tinha nenhum absorvente em sua mínima bolsa. Improvisou com papel higiênico e saiu do banheiro rindo da própria desgraça. De volta à mesa viu que finalmente a chuva caía. Gorda, pesada e com cheiro. Como seu sangue. O céu estava de TPM e agora, finalmente sangrava. Ela ria das próprias besteiras pensadas, e ele, curioso, perguntava o que era. "Eu sangrei", disse com a facilidade que uma criança diz quando precisa ser limpa após ir ao banheiro. "Na verdade, você só gosta de mim, porque não pode me ter", disse ele, ignorando o sorriso dela. "Eu nunca quis te ter. Não é esse o verbo que eu gostaria de conjugar com você." A chuva continuava caindo numa velocidade impressionante, ele esboçava uma cara de impaciência, e em sua testa lia-se: "Eu não tenho culpa de não gostar de você". O desamor é tão ingrato e as sensações causadas tão ruins que caminhar na rua, debaixo da chuva, seria melhor do que aquilo. Ela levantou, deu-lhe um beijo na testa e disse: "Tudo bem. Seus braços são menores do que os meus. Isso jamais daria certo. Não me encaixo no seu abraço. Eu não me encaixo, percebe? Foi um prazer. Adeus." Desde criança tinha vontade de dizer "adeus" em alguma conversa romântica, mas nunca tinha tido a chance. O adeus coube e coube bem. Pois aquela foi a última vez que se viram. Enquanto caminhava na rua, as roupas molhadas, as lágrimas se confundindo com a chuva, um anão, debaixo de seu guarda-chuva, parou e disse: "Que pecado uma mulher tão bonita chorando...". Ela interrompeu os passos e o fitou por alguns segundos. "Que pecado você não poder me dar uma carona no seu guarda chuva." O anão jogou o guarda chuva fora e muito sorridente disse: "Posso te acompanhar na chuva, se preferir..." Gargalharam os dois e caminharam a tarde toda. O anti braço dele era do tamanho da sua mão, mas ainda assim, naquela tarde, deu o melhor abraço de sua vida. Ficaram juntos por três meses e terminaram por incompatibilidade de horários. Ela nunca mais comprou guarda-chuva. Nunca mais saiu de casa sem absorvente. Nunca mais perdeu tempo olhando o tamanho do braço dos homens. Nunca mais disse "Nunca mais vou me apaixonar". Mas bateu o carro outras vezes, impressionada com a lua.




quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

aleluia





I've gotta big big big big heart beat, yeah
I think you are the sweetest thing
I wear a coat of feelings and they are loud
I've been having good days
Think we are the right age
To start our own peculiar ways
With good and friendly homes
You get me freaked freaked freaked on preakness
Never met a girl that likes to drink with horses
Knows her Chinese ballet
Must admit you smell like fruity nuts and good grains
When you show my purple gaze
A thing or two at night
Make me sick sick sick to kiss you and I think that I woud vomit
But I'll do that on mondays I don't have a work way
I like it when I bump you an accident's a truth gate
I'm humbled in your pretty lense
I'll hold you don't you go

Sometimes you're quiet and sometimes I'm quiet. Hallelujah!
Sometimes I'm talkative and sometimes you're not talkative, I know...

Well I'd like to spread your perfume around the old apartment
Could we live together and agree on the same wares?
A trapeze is a bird cage even if it's empty and definitely fits the room
And we would too

And my dear dear dear khalana
I talk too much about you
Their ears are getting tired of me singing all the night through
Lets just talk together
You and me and me and you
And if there's nothing much to say
Well, silence is a bore

I've gotta big big big big heart beat, yeah
I think you are the sweetest thing
I wear a coat of feelings and they are loud
I've been having good days
Think we are the right age
To start our own peculiar ways
With good and friendly homes

Sometimes you're quiet, and sometimes I'm quiet, hallelujah
Sometimes I'm talkative, and sometimes you're not talkative, I know...
Sometimes you hear me when others they can't hear me. Hallelujah!
Sometimes I'm naked and thank god sometimes you're naked. Well, hello...

Can I tell you that you are the purple in me?
Can I call you just to hear you, would you care?
When I saw you put your purple finger on me
There's a feelin' in your bottle
Found your bottle, found your heart
Gives a feeling from your bottled little part

Gotta crush, high
Thought I crushed all I could
Crushed all I can then I touched your hand
Crush high
Don't want it to stop
'Cause stories of your brother make my crush high pop
And you couldn't really know, cause it's in my toes
And sometimes I wonder where that crush high go
Crush high then I go and take some pills
Cause I can't do all of my dos and still feel ill

deixa pra depois

viajar
estar aqui e não lá
perder-ganhar


vem pra cá, impossível?

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

abrazo

amo poesia
porque sempre pode ser pra mim

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

biscoito da sorte

no show letuce - calminha, escrevi frases, estilo biscoito da sorte pra cada cadeira do teatro. não tive tempo de fazer 120 frases inéditas, i'm not yoko ono, man. escrevi 40 e fiz cópias.
eis:


compre flores para você no dia 17 de janeiro



diga OPA pra pessoa ao seu lado. qualquer lado.



bata palma no meio de uma música



feche os olhos por um minuto



mande uma mensagem para quem você não

vê há muito tempo

chegue em casa e olhe para uma foto sua com 5 anos por 1 minuto



chegue em casa e faça cocô


pense no suvaco de todas as pessoas da sala



vá ver o mar amanhã, diga em voz alta "como pode?"



coma sua comida favorita amanhã



tente espreguiçar-se agora



pense na sua palavra favorita. pense na palavra que você menos gosta. esqueça. volte duas casas.



pense em nomes de possíveis filhos



leia todas as páginas do dia do seu aniversário dos seus livros favoritos



escolha 5 álbuns da sua vida, ouça todas as músicas de número 5



tente lembrar a regra da hipotenusa. esqueça. lembre de um beijo bom.



subtraia 137 de 478. esqueça. pense no melhor abraço da sua vida.



estale os dedos. estale o que você conseguir.


aprenda uma receita nova com sua vó



tenha um sonho lunar. peça ao universo antes de dormir: um sonho lunar. controle seu sonho.



faça cosquinha com a sua língua no céu da sua boca


escreva uma carta pra você. guarde. releia daqui a um ano.



volte pra casa por outro caminho



anote seus sonhos. leia em voz alta no dia seguinte.


esqueça



passe uma semana canhota: abra portas, mexa no mouse, escove os dentes, use o talher com a mão esquerda


veja "na montanha com os gorilas". chore.



veja "apertem o cintos, o piloto sumiu". chore de rir.



depois do show, puxe papo com algum desconhecido



tenha um filho


tenha netos



estude astrologia, se situe no espaço



saiba os nomes dos seus tataravôs



tente fazer o mesmo desenho que você mais fazia na infância



cante uma música em voz alta assim que acordar



beba uma garrafa de vinho sozinho/a ao longo de 1 dia


vá até a quinta da boa vista, interaja.



use azul amanhã, sorria para quem te olhar



antes de dormir, pense em todos seus ataques de riso



cogite ter um filho chamado "hoje"

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010



de todos, o tom jobim me pega mais. quando o lucas ficou sem casa, tudo que eu pude fazer, além de oferecer o teto dos meus pais por um tempo, foi dar de presente o dvd "a casa do tom - mundo, monde, mondo", fragmentos, memórias e registros do tal. até em sonho ele já apareceu. e nunca sonhei assim, com gente, hum... famosa? faço músicas desde criança, melodia e letra na cabeça. em 94 a mangueira homenageou o tom jobim. minha vó régia me obrigou a ser mangueirense desde criança, acatei com prazer pois achava mais louco misturar verde&rosa do que azul&branco. no sítio tinha um pianinho de criança, foi a primeira vez que consegui ouvir um som e reproduzir em algum instrumento. era "é carnaval, é a doce ilusão, é promessa de vida no meu coração". e ele no alto de um carro alegórico com um piano de cauda de isopor, dando ciaozinho prum mar de gente. eu dava ciao de onde estava.
tenho conhecidos que gritam seus preconceitos contra quem é apto a compor em português e em inglês. destilam venenos para mallu magalhães e afins. não sei o que pensam do tom, eu tiro o chapéu, a roupa, a alma. genial em ambas as línguas. único homem a falar de "girafa", meu animal, meu animal, numa canção, que tive a sorte de poder cantar no último show com a alice caymmi. ela cantava a parte em português, eu em inglês.

Ain't a total wreck
you can double check!
Stickin' out your neck
is for giraffes!

morreu hoje também, tal qual john lennon, como falei aqui.
fica tudo isso pra absorver, brincar, gastar e esperar também.


"monga"

primeiro sonhay que tinha uma filha negra, neném fofa e linda, ela mamava no meu peito, tinha muita fome, fazia cosquinha, depois doía um pouco. ela era rápida.
depois meu pai morria. era bem triste e ainda acordei um pouco abalada, mas dizem ser saúde, quero acreditar. estávamos no sítio, me pareceu. mas também era uma loja de tapetes em são pedro d'aldeia. estranho. chegava a notícia da morte e pronto. minha mãe ajeitando coisas, eu pensando "tudo bem, ainda vamos nos comunicar espiritualmente". avisos? eu não chorava, só pensava que talvez queria falar mais coisas, mas ainda assim, muita certeza de que vamos ter contatos telepáticos pra além.
depois sonhei com cores, provavelmente um dos meus sonhos mais psicodélicos da vida. eu e lucas numa sala com cores, não sei se fazíamos um clipe, acho que não. mas havia um espelho nessa sala micra, e nós tínhamos um neon nas mãos, pra cada cor, tinha uma palavra em neon, acho que a palavra em amarelo era "monga". a gente ficava rodando e batendo fotos, depois chegaram umas mulheres mezzo piranhas e eu quis sair dali.

domingo, 5 de dezembro de 2010

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

dúvidas

análise faz isso, mas não tenho explicações



por que I?


tenho 9 anos, acabo de me mudar para uma casa, numa rua onde quase não passam carros. meus simpáticos novos vizinhos tocam nossa campainha, perguntam se eu e meus irmãos queremos brincar. queremos. uma menina conversa com outra e pesco" "sempre que empresto discos pra daniela, eles voltam arranhados". uma semana depois, na rua de novo, daniela me é apresentada. digo: "ah, então é você que arranha discos?"


por que II?

tenho 8 anos, sou convidada a passar o sábado na casa de minha amiguinha mônica. piscina e bonecas. na hora do almoço, com o prato na minha frente, fecho os olhos e posiciono minhas mãos na mesa, para rezar. foi a primeira e única vez na vida que fiz aquilo. ouço mônica dizer: "ué, vamos comer" e a mãe dizendo "vamos esperar a letícia, olha o respeito". e eu pensando em qualquer coisa que não deus ou jesus.


por que III?

meu olho coça muito, tenho 24 anos e preciso de um colírio que está no banheiro do quarto dos meus pais. a porta está fechada, o que pode indicar sexo ou uma dormida. abro e penso "ok, não está trancada". entro. minha mãe chupa meu pai, mas já me viu e tomou um susto. AOINVÉSD'EUVOLTAR, entro rápida pelo quarto até o banheiro dizendo: "só quer o colírio!". no banheiro, bochechas queimam enquanto alivio meu globo ocular. saio e demoro muito, muito pra voltar pra casa esse dia.


por que IV?

só uso o cabelo preso pois não domo jubas. tenho 13 anos, sou virgem de tudo. ia de short pro colégio, marina me deu um toque sobre nossa magreza e agora só uso calça jeans. estou tentando me ajeitar, pois estou apaixonada. um dia decido soltar o cabelo e usar um cordão que havia comprado mas nunca usado. chego na sala. muitas surpresas e comentários. digo: "eu acabei de achar esse cordão no chão da rua, acredita? meu cabelo? é que eu não achei prendedor hoje".



por que V?


tenho 9 anos e tomo coca-cola no bar/restaurante da esquina da minha rua, já que minha mãe só nos deixa tomar refri sábado. estou com meu irmão, andré e carolzinha, vizinhos. estamos rindo, temos de 9 até 11 anos. estamos rindo muito. estamos falando qualquer coisa. minha casa é entre a formiga e o borel, vejo muitos moradores do morro no meu dia-a-dia, na padaria ou no ponto de ônibus. vejo uma menina fora do restaurante, ela me olha. me olha forte, dentro, eu acho curioso, nos conhecemos talvez? mas tenho 9 anos, continuo conversando, tomando coca, rindo de alguma coisa que meu irmão leu na revistinha de piadas do ary toledo. a menina entra no restaurante, só percebo quando ela está na minha frente e diz bem calma: "da próxima vez que você ficar rindo assim da minha cara, vou te dar um tabefe que nem esse" e SLAM na minha cara. não sei falar nada, volto pra casa chorando, meu irmão cogita dizer algo, mas olhando lá pra fora viu os colegas marmanjos da menina. choro e conto pra minha mãe que vai pra rua e diz pra menina com a voz mais calma e doce do mundo: "ensinei minha filha a rir do que é engraçado, não estou vendo nada de engraçado em você, ela devia estar rindo de outra coisa". a menina me pede desculpas, eu aceito e fico horas olhando no espelho a marca dos dedos dela.



sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Visita de Morfeu

(alguns sonhos de 2005, 2007)



I.

Estou no sítio da minha avó. Está acontecendo uma festa na sala. Meus alunos do curso estão dançando. De repente, um homem albino passa carregando um alce. Ninguém vê, só eu. Fico assustada, mas continuo dançando. Novamente, o homem albino passa. Agora ele puxa um rinoceronte, ninguém vê. Me assusto. Mas penso que posso estar alucinada, já que ninguém estranha. Pela terceira vez, o homem passa. Agora, com um leão. O leão passa bem perto de mim, e sinto arrepios na nunca, tamanho medo. Resolvi ir lá fora ver o que está acontecendo. Saio gritando: "Você está fazendo comércio ilegal de animais!!!" Mas o que vejo é uma arca. Fico confusa. Um homem, por quem já fui apaixonada, passa e diz: “Esse cara é uma figura”.


II.

O mundo se resume à uma rua. O planeta inteiro é uma rua. Marilyn Manson foi banido do planeta, por causa das mortes que provocou. Agora ele mora num planeta distante, mas existe um CD, que se as pessoas apertarem um botão secreto, ele vem do planeta que estiver para a Terra. Alguém aperta o tal botão secreto. Ouço a música do Marilyn Manson no ar e penso "Fudeu". Em menos de segundos, ele já está na Terra, andando feito um manco. Ele se aproxima das pessoas, encosta a ponta do dedo nas costas, e a pessoa toma um choque e fica paralisada. Não sei se morrem. Saio correndo com medo. Entro no último prédio da rua e subo para a cobertura. Penso que ele nunca me achará ali. Me distraio tanto, que tomo um SUSTO terrível quando ele aparece na minha frente e encosta seu dedo nas minhas costas. Tomo um choque.



III.

Entro numa loja de posto de gasolina, do lado de fora um lindo chafariz. Pergunto aos funcionários se eles nunca entraram ali, eles respondem tímidos que não. Os preços do lugar são absurdos. O Miojo custava 80 reais. Reclamo muito e brigo com um dos donos. Jogo suco de laranja no teto. Um amiga aparece com meu celular, ligo para o meu namorado, ele me avisa alguma coisa sobre a mãe dele. Nos encontramos no sítio da minha vó. Preciso fugir de uma menina que me segue, ela quer o meu mal, desconfio que é por conta da briga do posto, mas ela não estava lá. Me escondo no banheiro da minha vó, quando vou colocar uma blusa na fechadura, dou uma olhadinha e gelo de medo ao ver de muito perto o olho verde escuro de meu bisavô.





IV.


Um cachorro morre e sou procurada pelo seu assassinato. Fantasio-me de “Minha mãe é uma sereia”. A mãe de algum amigo surge com uísque para gente. Agora estou na rua e tudo se explica. O mundo inteiro se explica, mas não sei explicar como. Mas entendo. Um homem de quem já gostei passa por mim, e eu digo baixinho: “estou com medo de surtar”. Todo o cosmos se abre, a vida mostra seu DNA. Pfff risos pra isso, mas é. Nisso, Betinho – Herbert de Souza, está no final da rua declamando um poema do Leminski. “En la lucha todas las armas son buenas...piedras, noches, poemas” Corro até ele, mas volto por algum motivo. Tudo está ligado, os postes da rua se conectam. Um espelho que ficava no alto da rua se quebra, muita luz entra, quase fico cega, mas atravesso o espelho. Acordo?




V.

Estou num avião. O Tom Jobim tem um lugar especial para ele lá atrás. Ele senta numa cadeira especial e espera as pessoas baterem fotos com ele. Como todos, me levanto do meu lugar e vou lá atrás. Ele fica feliz com a minha presença, dou um beijo no rosto dele e ele me diz alguma gracinha. Chego numa ladeira, lembra Petrópolis, uma senhora banguela diz para mim e para o meu namorado que devemos ter cuidado, nisso um tiroteio começa e a gente se esconde num apartamento muito pequeno. No meio do tiroteio ele me olha e diz que sabe que eu estive com o Tom Jobim. Eu rio do seu suposto ciúme e digo baixinho: o tom é você. 




VI. (um sonho recente)

Sonhei que eu namorava Jacyra Lucas, uma senhora que apresenta um progama de rádio AM (fui lá recentemente). Ela era maluca, chata, psicopata. Eu fugia, ia parar num apartamento no Leme, onde num quarto haviam muitas imagens de Cosme & Damião, imagens GRANDES. A Clara estava nesse quarto. Parada. Volto pra rua, um tarado tenta se aproximar e uma menina pede pra fazer um filme comigo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Vi o fime Heima no CCBB, Sigur Rós sempre me levou pr'outro lugar. Enquanto o filme passava, escrevi umas linhas. Então o som é esse.

E as palavras são essas:


água ao contrário

geiser ao contrário

gelo derretendo

sorte no cinema

criança n'água


o que quer que seja uma foca, um leão marinho


na beira da estrada todo mundo pensa: "quem mora aqui?"
QUEM MORA LÁ?


signos cruzados

legenda às vezes sobra
às vezes falta

seria legal se ele às vezes me respondesse "não sei"

um lugar isolante
um lugar isolado

as pessoas plaudem pelo som ou pelo gesto?

tudo o que for o deserto

o que quer que seja um cavalo.

i beg your pardon

ter que explicar pUesia
pro amor
é como ter que
explicar pruma criança
porque ela não é
um rinoceronte

domingo, 21 de novembro de 2010

lararirá

Park that car, drop that phone, sleep on the floor, dream about me.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Para o rei Arthrose


Eu gosto quando falta pouco pra chegar em casa. E os últimos sinais de trânsito me enchem de esperança, de quem tem ovo e pão em casa. Como se eu estivesse apertada, caganeira súbita ou xixi além da bexiga. Vai dando meu terreno, e eu vou ficando feliz demais, querendo borrifar alfazema no carro.


Eu gosto de você como quem procura um nó numa mangueira.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

paint brush lover

dolor de cabeza, no love at all.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Percepção


Eu sinto que a gente se comunica, coração.







sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Essa tarde

As grandes cidades são favoráveis à distração que chamamos de deriva. A deriva é uma técnica do andar sem rumo. Ela se mistura à influência do cenário. Todas as casas são belas. A arquitetura deve se tornar apaixonante. Nós não saberíamos considerar tipos de construção menores. O novo urbanismo é inseparável das transformações econômicas e sociais felizmente inevitáveis. É possível se pensar que as reinvindicações revolucionárias de uma época correspondem à idéia que essa época tem da felicidade. A valorização dos lazeres não é uma brincadeira. Nós insistimos em que é preciso se inventar novos jogos.

Résumé, 1954
Debord e Fillard

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Elaziña


Me olha todo dia e me conta cada coisa.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Exclamativa:

Foi em julho. A gente fez um show no Sesc Pompeia, em Sãpa. Tinham 2oo pessoas, vai. A maioria nem sabia quem a gente era, conheça São Paulo. Começamos com "Sutiã", temos começado com essa: "Quando você sorri / o sorriso da nossa dinâmica / não o sorriso dos outros / Eu sinto um susto / de sutiã se abrindo sozinho". Sutiã sempre foi sacal pra mim, espeta, aperta, dizem que levanta, mas putz, jura mesmo? Claro que têm dias que dá agonia do bicho solto, acho que homem também deve ter isso sem cueca. Agonia da falta de tato da pele com algum tecido. Mas era bem pouco. Na maioria das vezes, eu curto a moleirinha e o vento que vem. Mas i'm not getting any younger e as pessoas se constrangem com pouco, então aderi, aderi o sutiã. Só que pra minha surpresa, o bicho vez ou outra abre sozinho. Mistérios da meia noite, é quase como se o tempo, deus, o karma, o diabo, estivessem me liberando. Lucas tem 7 risadas, todas catalogadas por miã. Mas tem uma que é pra mim. É quase como se o tempo, deus, o karma, o diabo, estivessem me liberando. Em São Paulo começamos com essa. Muita gente veio falar depois. Senhoras e senhores, literalmente. Uma mulher disse: "Achei que você tinha probleminha quando começou a cantar aquela primeira música". Daí o homem (não sei se estavam juntos ou ou ou): "Mas depois eu entendi que você é tímida e não devem acreditar quando você diz que sim". Homem, eu já nem posso mais dizer que sim, pois o coro me oprime e nesse caso acho mais fácil contar piada, arrotar talvez, validando minha falta de vergonha. Tenho achado legal também cultivar alguma coisa guardada, sagrada, isso aqui é meu, dentro. Vez ou outra o sutiã deixa escapolir. Sorte de quem sabe e não me desafia a nada, porque não é assim que eu engreno. O fato da arte ter me escolhido (jamais ao contrário) não é sentença para virar do avesso, apesar da jorrada de palavras, de imagens, de mistura e de sons que eu lanço ao universo. Sobre dores e delícias. De cada um. Ou ninguém nunca vai saber o preço disso. Ninguém nunca. Passa tempo, e os círculos aumentam, minha memória é testada diariamente oi-fulana ou e-aquele-dia, mas o foco diminui e isso não é despedida, esbarrão ainda rola, mas é que agora são outros sorrisos de outras dinâmicas. E sem susto. Letímida. Eu tenho sentido mais fome.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

cerimônia

De duas, uma. Peço picolé mesmo com dedos necrosados, insisto no uso da luva, mas zombam. Zombam porque são adornados com gordura. Em mim é lacuna e comento com amigo magrélico: "não sofremos mais quando está frio?". Cabeça concordante, o nariz vira fuçinho e moça, por favor, um picolé de Talento. Agora tem. Tem até picolé de Batom. Seu filho merece. Pensei um monte de coisa pra escrever enquanto vinha até você e esqueci tudo, ou então é presença paterna que trava o troço. Preciso morar sozinha, me encavernar e passar o mesmo vestido uma três vezes. Aprender finalmente, a fazer um empadão. Socar a massa. Socar bife. Se me chama pra sair no tapa, eu apanho demais. Mas soletro maldições incríveis que tanto guardei. Crueldade estala quando periga. Estou dentro de um carro, bebendo uma garrafa de vinho, esperando dar a hora de entrar no teatro. Tomei abuso de teatro, logo eu, logo eu, não fique triste, nem pense que é um desperdício, você que me viu num palco há 4 anos atrás. Tive vergonha, mas vergonha é a esperança de uma criação, tosca e breve, mas sim, uma cria. A moça que passa, acompanha a moda. Ela lê as revistas especializadas, ela corta o cabelo-cuia-franja (saudade de ver a sobrancelha das mulheres e suas molduras inquietas), ela compra a calça que é tendência. Mas ela não cabe naquele espaço. O andar não se adapta à tal corpo estranho, e entre os meus dentes roxos, eu tento sua libertação, mas também eu sou muito, muito reservada. Achei incrível terem dito isso para mim há umas 3 semanas. Foi Bruna que disse. Poesia sabe qual papel é ruim e qual caneta puxa muito. Reservada esperando resposta de algum ponto do país, tomando porrada da tecnologia e pensando em números para a mega-sena. Os passantes, se fosse no Centro da cidade, estariam me desejando, apenas por conta do falo gelado na boca. Nunca mais pedi sorvete na Carioca, as visualizações fellatiais me irritam bastante, principalmente de quem tenho verdadeiro nojo. Mas o verdadeiro nojo só começa se os olhos viram gulosos, não sou tão cruel a não ser que tenham feridas abertas faciais. Agora muita gente escreve assim, tudo direto, onde começou essa urgência? Desenfreada. Minha digestão nunca mais foi a mesma depois da doença terrível mexicana que adquiri: verme. Mamãe tenta me sondar para parar de comer carne, mas bem sutilmente, pois não conheço outro modo de existência da minha mãe sem ser esse, de modo que às vezes me irrita tanta calma zenística. Eu disfarço ciúmes pensando em picas alheias. Infantil que só numa creche. Essa semana viverei canhota. O almoço já foi mais difícil e mouse com a esquerda também complica o cerebelo, mas acompanho meu avô numa viagem lisérgica ruim ao mundo do Alzheimer e minha mãe que só consegue me chamar de Lúcia, e me adianto logo em cuidar desse meu bem mais valioso: meu cérebro. Já disse que o cérebro é como o fundo do mar e conclui ontem que sou abissal. Abissal arisco, domesticado esquece o risco? Me deixando levar. Só acredito no coração de agora em diante. Parecia que ontem também, mas é a partir de agora, que só vale essa mão fechada no peito.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

turtle blues

tartaruga é o único animal que tem terrestre e marinho? que mistério, que tesão, que possibilidade universal. vou voltar a escrever aqui. caderninho rolando como sempre. só falta passar. digitar. cortar as unhas, pelo violão e pela sensação de afundar uma tecla. unha sente pouco.no espelho então, nem se tocam, já reparou? e isso significa a verdade.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

o amor me deixa calma
me deixa calma
me deixa calma

que só tu vindo aqui vê minha cara

domingo, 12 de setembro de 2010

sobre listas

Três:


Coisas que me dão tesão:

- arrancar a unha do dedão do pé com a mão depois do banho
- cortar pimentão com uma boa faca
- 3° sinal do teatro


Coisas que adoro:

- vendedoras embrulhando para presente
- apertar meus roxos
- imagens de insetos fazendo sexo


Coisas que não gosto de ver:

- bicho morto em estrada
- Error Fatal na tela do computador
- sangue na calcinha


Coisas que me dão medo:

- arte sacra
- tic nervoso nos olhos
- recém nascidos


Coisas que me dão aflição:

- passar o pente na minha pinta alta
- nylon
- passar a unha nas cordas do violão
(escrevi todo esse tópico com arrepios no couro cabeludo)


Coisas que me dão sono:

- gente séria
- Marcel Proust
- carinho na sobrancelha


Coisas que me perturbam:

- mendigos
- a falta de vista do metrô
- varizes altas


Coisas que me fazem rir:

- crianças gays
- achar bilhetes antigos
- cachaça


Coisas que me desconcertam:

- axilas, em geral
- dentes amarelos
- meu pé em determinada posição


Coisas que desejo:

- tocar piano ninjamente
- todos os livros do Quino além Mafalda
- ele todo dia


Coisas que detesto:

- tomar choque
- tomar susto
- tomar mate


Coisas que acredito:

- crianças até 3 anos
- mulheres com mais de 70 anos
- eu, pela manhã

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

cremosa

Noites com creme são dias sem sexo. Tem tempo já, acordei com bruto tubo de raio solar bem na minha testa. Explico: não tenho cortinas, tenho um black-out que colei com velcro. O velcro brochou, o sol entrou, a testa esquentou. E aí não consigo fazer a manha habitual. Assim, putinha, levantei da cama e escancarei o black-out todo. De pernas de chinês, hahaha, sempre rio quando falo isso: PERNAS DE CHINÊS. quáquáquá. Sentei no quarto abusivamente claro para acabar de ler o livro sobre a vida do Darwin. Estou nessa fase biografia, coitada. Minhas pernas, nunca chinesas, expostas ao sol do norte. Há de ser outro sol que glorifica os ricos. Losangos nas pernas, milhares, minha canela toda como se fosse colméia. O horror, o horror. Cuspi na mão e logo esfreguei, conseguindo disfarçar por minutos. Logo, teria minha canela russa de volta. Ando bem asiática, pelo visto. Coisa de vó isso “Que perna russa”. Nunca entendi, sempre aceitei. Antes que morram, preciso entrevistá-las, preciso de mais informações, o tempo exato do bacalhau, saber se ela fez aborto porque achava que meu segundo avô não era bom pai da primeira filha dele, relembrar a história da cabaça-cabaça-você-viu-uma-menina-passar-por-aí, que ela contava antes de dormir. Preciso de cremes e preciso estipular o dia do uso, já que o homem que elegi curte lamber pele. Nada pior do que alguém querer disfarçar o peido usando Bom Ar, fico pra morrer com a falsidade da felicidade sendo borrifada, constrangimento forte. Nada pior do que uma mulher levantar o braço no metrô e eu conseguir identificar litros de perfume ou desodorante . Não sei mais como as pessoas cheiram. Pernas secas. Tanto pela falta de gordura itself quanto pela falta de gordura produzida, que hidrata. Há de hidratar. Vai voltar a chover? Noites com creme são dias sem sexo.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

1 de setembro de 1981


tinha uma risada esganiçada, que me irritava um pouco. mas era mais velha que eu, e já tinha colocado cigarro e outras coisas na boca, o que me causava fascínio. éramos primas e fazíamos tudo juntas. me provocava de uma maneira não explicativa, apenas sensorial. me concentro, fechando os olhos para que o mundo não me perturbe, e tento lembrar mais, sempre lembrar mais. vida interrompida de maneira bruta e imbecil. o que foi mesmo que ela disse naquele dia antes d’eu ter dado um tapa na cara dela? me viu fazendo teatro. teatrinho. do colégio. afirmou como prima mais velha, que aquilo seria minha vida. repetiu de ano. gargalhávamos com os mesmos dentes. meu dentista era o dela. a guerra no golfo, janeiro de 91. marina vai para as ruas de paralelepípedos de são pedro d’aldeia e começa a pular com fúria e bradar: guerra! guerra! quebrou o pé. me encantava a paixão pela independência, pela busca das experiências, pelo ineditismo, pela coragem. a última vez que nos vimos, estávamos num quarto de outra prima, eu, ela e um menino de um ano. brincávamos com ele, fazíamos cosquinha. observávamos o princípio da vida. perguntei seus planos para o aniversário, 4 dias depois. me contou das suas idéias. era branca, tão branca que tinha varizes faciais. morreu completando outra idade. envelheci 20 anos. após o ritual de enterro, fui ao cinema, dopada, não podia ficar em casa, não podia ficar parada, não podia existir depois. cogitei correr nua pelas ruas, mas eu ainda não tinha 18 e isso me soava difícil de explicar se me pegassem. percebi a sutileza e o silêncio da morte. fui atrás da paixão pela independência, da busca das experiências, do ineditismo, da coragem. tem um tempo. achei um caderno de perguntas, você sabe, aquele caderno com perguntas, todos respondiam. uma besteirinha. ela respondeu. com fome, lia todas as suas respostas, pois ali se fazia presente viva. era um telefonema. a pergunta de número 32 era: “você tem medo, de quê?” eu e minhas curiosidades acerca do ser humano. desde sempre.
ela respondeu: de morrer cedo.

Flores que parecem nariz, do alto desse coreto, eu espero na escadinha, enquanto você caminha até mim. Talvez chova essa tarde. Cai a lua. Girassol.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

ano passado isso

7 de setembro

não dormi no avião. verdadeira insuportabilidade dos gigantes fadados à classe econômica. momento de delírio foi ficar vendo nuvens, oceano e estrelas e acreditar que uma delas era um avião “nossa, vai passar aqui do lado, vou dar tchau”. na volta, valium. nunca tomei, mas assim não dá. acho que era marte, porque não só brilhava, como rolavam nebulosas em sua volta. também vi o sol nascer. violento. quase acordei o lucas. mas deu pena do baby. vez ou outra preciso falar em voz alta pra acreditar: NÓS ESTAMOS INDO PRA LONDRES.

8 de setembro

meu irmão nos pegou no aeroporto. os carrinhos que levam as malas ficam organizados, que vergonha. meu irmão e a mulher moram longe do centro, bexley. bosques, bosques e hortas para alugar. vez ou outra acho que vejo uma criança dirigindo ou um carro fantasma. meu sobrinho sorriu pra mim e veio no colinho, reconheceu. hoje foi o dia mais quente do ano. minha cara isso, vir pra londres esperando fog e derreter ao invés. tocamos violão no quintal, meu irmão cozinhou alguma coisa boa. dormimos numa cama de ar. ainda não caiu a ficha.

9 do 9 de 2009

disse ciao para o sobrinho e meu irmão nos levou para o casa onde vamos ficar em hornsey, mais perto do centro. a cidade inteira parece estar em obras. casa gracinha, vejo logo hugh grant e julia roberts. acho que vou ser feliz nesse mês aqui. meu irmão foi explicar o metrô, fomos para oxford street. babylon burns. outra parada. presente da história. mulheres muito maquiadas, mas a maioria com roupas curiosas. achei meias calças coloridas tamanho 40, 41, 42, me senti agradecida. me reconheci. comemos vegan food no restaurante onde meu irmão trabalhou (ninguém era inglês). fomos no guanabara para ver onde vamos tocar. clima divertido. cerveja cara, não vou poder converter, se não a cabeça vai atrapalhar a viagem. voltamos pra casa, lucas cozinhou frango. só sei fazer arroz. nosso roomate gente boa, humorzinho inglês do timming, i like it. o dono da casa ainda não chegou. estamos numa suíte.

september. 10th (não sei se é assim)

dia divertido. metrô sozinhos. uau. medo e delírio. e claustrofobia também, troço pequeno. todos muito solícitos, dando merda, vai ser OK. fui num brechó insano: blackout. vestidos divididos por décadas nas araras. morri numa grana já. o apreço pela beleza é constante aqui. o rio de janeiro por ser muito bonito itself acaba esquecendo. encontramos joão brasil e silvinha, vão morar aqui 2 anos. o prédio deles parecia uma galeria de arte. passeamos no fim da tarde até um parque cheio de corvos. pensei que eram os pombos ingleses, monga. mas rolam pombos-pombos mesmo.fizemos pic-nic de vinho. MUITO barato e bom. casinha de volta. metrô + trem (duas estações só, mas rola). acho que fiz uma música. envolve loteria.


11 de setembro (uhh)

não anotei o que fiz. tem uma poesia no caderno:

dá pra parar por um tempo
adiar os filhos com teu nariz
esperar outra casa, outro hall
dar uma volta cabe muito
tão certo voltar aqui
rezo, prenda, roubo
promessa, cheque, cartão
dá pra acertar por um tempo
dá pra torcer por um tempo bom


dia 12

euro star. trem para paris na companhia de uma criança fofa, com quem pratiquei a língua. vamos ver que bicho dá. em duas horas, outro idioma, outra atmosfera. paris sorri mais e o calor foi quase igual ao do rio. enquanto esperávamos a chave do apartamento que ficaríamos (ridiculamente bem localizado na pont-neuf, lucas e eu abobalhados), fomos tocar na pont dês arts. queria estar de biquíni. divertido, pessoas gostando. deslumbre de vista. foi bom tocar na rua para ensaiar para à noite. apartamento fofo e pequeno. é paris. fomos para o la goguette após stress numa estação do metrô e 2 euros a mais para o taxista só porque usamos a mala e nem precisava, ele que insistiu, merde! la goguette gracinha, palco, luzes, dono simpático. amigos na área (ainda tem acento?) teve show de um casal fofo antes e depois a gente. acho que consegui ser eu mesma e ter graça em outra língua. ganhamos 55 euros (uh!) e voltamos de táxi. excitação tamanha que nem fomos dormir, demos uma volta no bairro e tudo ainda em movimento. ruas lotadas, bicicletas coletivas e um crepe podrão. eu e lucas e estátuas e a madrugada mais bonita do ano. bom realizar sonho de infância.

13 de setembro

bonjour! o tempo fechou um pouco e nós fomos até notre-dame a pé. majestosa, mas de igreja católica já bastam meus 8 anos em colégio de freiras e no mais tenho medo de arte sacra. vale pelo século, escândalo. tamanho e paciência me agradam, mas imagens de jesus sofrendo e mulheres e homens com paninhos ao lado, com rosto de sofrimento já não consigo mais. de tarde fomos a pé na casa da indira que nos levou no pop-in, meio pub, meio inferninho onde todo domingo rola open mic. enchemos a cara, brincamos de perfil de pobre e fomos ver os shows. muito folk, muito indie, meio deprê até. cada pessoa pode tocar duas músicas. tocamos “seresta quentinha”, eu errei meu solinho de escaleta, nunca bebo antes de show, esqueci que ia me apresentar e “your love is king”, da Sade. foi um calor. conhecemos o gabriel, jornalista gaúcho gente boa, perdido por aqui. aliás, são vários. bebemos e voltamos a pé. tão possível.

14

dificuldades em achar um supermercado. só os minis. caros! fomos até a torre. de fato, formidável. não nos deixaram entrar com uma garrafa de vinho na bolsa, matamos antes no jardim e subimos de dentes roxos. não até o topo (caro e filas). foi mesmo uma conquista humana. cheiro ancestral. árabes ambulantes. oscilo entre ficar estatelada e triste (sei o que me espera no rio: zero cidadania, volto a ser a síndica chata que não fura fila). de noite fomos ao point-ephemere. dica do gabriel, jornalista de ontem. lugarzinho incrível, do lado do canal san Martin. palco bom, pena que não rolou show, só leitura de peça, em francês! passamos. chuvinha, friozinho, ofertas ilegais ao longo do canal, e o gabriel dizendo: “tenho um amigão que está jantando com o chico buarque agora, talvez eles venham depois”. calor. garçonete estúpida, gente sorrindo. “faltam bidês, sobram cigarros”, disse antonio no meu facebook. concordo no meu caderninho.


15 de setembro

vimos a torre acesa à noite, depois de uma noite jam session no cithea nova (acho). público só de homens, músicos, ÁVIDOS para tocar. chaaaaaaaato. cantamos também, foi quente. conheci uma amiga do gabriel do vietnã, ela não sabe o que é beatles, curioso. seu marido é francês e a comprou num site, ela não esconde. mulheres francesas andam exigentes. os homens preguiçosos. internet no vietnã tem salvado isso. mas a torre à noite, uh lá lá. luz é um troço tão infantil. apelo imediato de beleza. gigantesca. tocamos violão e ela piscava. foi bem bonito, viu? vi ratos, minha fobia maior. nunca acham que somos brasileiros.



dezesseis

museu george pompidou. um barato. arquitetura que já via nos livros do curso de francês. bacana estar na coisa. sinto falta do tato em museu, mas valeu. louise bourgeois, fica comigo. minha calça fez sucesso. vídeos pancados, eu e lucas gostamos. quanta informação boa chegando, tenho cara larga de agradecida. soube da natércia, isso me deixa com o rosto quente, é imediato. compras. presentes são bons de dar. penso com carinho nas pessoas. gosto do mundo. sou fácil com manual, devo tentar mais sem. de noite, preguiça de sair e beber, museu cansa muito, perna e cabeça. varizes de turista. saudade de botar o corpo pra dançar. vimos filmes da maya deren, gênia. xadrez, sexo, sono. quanto amor.



17

louvre = estupro arqueológico. com todo respeito aos criadores das “obras”, que um dia nem foram. turistada frenética em cima da monalisa. lucas diz: “pra que eu quero ver a imagem que eu mais vi na vida?” rimos e vimos múmias egípcias. cheiro. arrumamos a mala, a casa e partimos de metrô, dessa vez não rolou o trem bala. ônibus mesmo, mais barato, paris arrancou euros demais. 8 horas dentro de um busum mínimo, duas paradas, na saída da frança e na entrada da ingla. chegamos na terra 5 da manhã, nem trem, nem metrô funcionando, ui. esperamos no frio, cruzadinhas, lucas tenta me convencer do nível difícil, mas fico frustrada. chegamos, desmaiamos. acho que brigamos um pouco, ainda bem que não lembro o motivo. lucas não fala francês, nem inglês. talvez fosse.


18/10

multados no trem. deixamos para pagar o ticket depois e nos fudemos. jogo do arsenal, estação LOTADA. tentei explicar pra mulher que não sabia, que sou turista, tolerância zero. só fiquei puta quando vi um menino fugir ao pedirem seu ticket, e um dos funcionários tentou correr atrás, mas desistiu. a vaca que me multava falou “nice try, mate”. tipo, eu também poderia tentar correr? tentar fugir? WHATTHEFUCK. vou tentar apelar. 20 pounds cada um. fón! fomos para notthing hill. portobello road. andanças maravilhas. saí com meia calça e casaco, fui me despindo ao longo. solzão que não esperava. cores, cores, antiguidades lindas & caras. que pobreza nossa moeda, senhor. finalmente comprei uma coisa pra mim. é verde. broche pra vovó régia. um galo fofo. dia lindo. fechamos jogando xadrez (compramos numa barraca de uma polonesa) numa pracinha cheia de crianças lindas. eu ganhei. lucas ganhou no dominó. 9 out of 10 moives stars make me cry, I’m aliiiiiiiive.


19 ?????


20

domingo família. meu irmão e lorraine nos levaram para kent, tipo uma vila afastada. casinhas de bonecas. comemos num pub de 1.500. imagino ingleses rosados enchendo a cara de pint e comentando sobre “terras achadas mais para o hemisfério sul”.

meu sobrinho é muito observador, criança cristal. fico pra morrer quando ele de repente suspira. é duma beleza quase cósmica. ele fica no carrinho, olhando, olhando e de repente suspira com AHHHHH. não quero pensar na volta. depois vimos um show de aves num lugar lindo, um campão aberto. águia, condor, corujas, tinha tudo. e um instrutor meio stand-up com sotaque bizolo de entender. as águias faziam rasantes na nossa cabeça. gritaria e excitação. crianças lindas. oh my úterus. depois do passeio inusitado fomos na london eye. entardecer lindo, mas não andamos, muito caro. músicos na rua, cogitamos, mas ganha-se pouco, pelo menos em setembro. o troço ferve mesmo no verão. é como nosso carnaval. neguinho fica louco. big ben é forte. quando noite, fica difícil sem casaco.

21 de setembro

ensaio, ensaio, ensaio, internet, comida e TV. tem um reality show de drag-queen. ru paul apresentando. já estou afeiçoada. de noite, demos um role a pé pelo outro lado do bairro, what a surprise. devo estar com os cambitinhos mais grossos.

“tanta gente que não se esbarra / deve ser duro ter tato mole”

22, terça, é hoje

hoje foi o dia do show no Guanabara. minha melhor amiga de quando eu tinha 5 anos, que mora aqui, foi. it’s a small world, after all. aliás, uma galera foi. e o ténico de som disse que terça era um dia ruim. pois não pareceu. uma mesa cheia de gringas veio falar comigo. todas fofas. meu irmão também foi. cantamos uns clássicos, umas nossas. é sempre divertido. com o lucas então. pagamento delícia que vai pagar o aluguel do quarto. e ainda ganhamos 12 cervejas. voltamos pra casa como?

23.

não estou lembrando o que fizemos hoje. sei que compramos um livro-colagem sobre o egito, com tarefas pra fazer. eu amava esses trecos quando eu era criança. lombra, lombra.

ouvimos rádio. beatles, beatles. chorei pensando em golden slumbers.

24

outono por aqui. essa estação existe mesmo. museu da ciência. chapação interativa. that’s the way, ãhã, i like it. depois fomos na primark, MEGA loja de departamentos, tudo barato. parecia um cenário de guerra. roubaram meu casaco. ou eu fui desligada? loja LOTADA. mulherada sem educação, avaliando uma blusa e não querendo a dita-cuja, largam no chão. babylon burns. curioso foi ver uma moça de burca escolhendo calcinha pervertida.

25/09

dia de ser babá do rafi, parquinho e amor. o balanço da pracinha faz sentido. tem cinto de segurança. como é bom ser titia. quando ele me olha, eu derreto. de noite, teve festa da melhor amiga da minha cunhada, a lorraine. quase não vejo prédios. mais no centro. de resto, tudo casa com jardim. ficamos mais no estúdio do stefan, ouvindo sessões separadas de músicas do bob marley e do george clinton. friaquinha da madrugada.

vintee6

passeio por southbank. solzinho bom e humano. até hoje, nenhum dia de chuva em londres. toda toda agradecida. muita gente na rua. metrô domingo aqui é LOTADO. alguns artistas ao longo, música, mímica, acrobacia. pouco $ sendo dado. acho que agora estou mais calma. a culpa de usar o cartão de crédito do meu pai além do dinheiro trazido deu uma trégua. saudade de sucos, guaraná natural e feijão.

27

churrasco na casa do meu irmão, em bexley. o trem leva uns 40 minutos. já estou intrigada com as fofocas locais que vamos lendo no jornal. todo dia também alguém morre com faca. várias propagandas na tv, inclusive, alertando para o perigo. aí lembro da minha tijuca e das rajadas de fuzis que viram cometas no céu da zona norte. eita ferro. carne aqui é caro. salmão sai em conta. a namoradinha do rafi veio, chama freya (!). ela deu um abraço e um beijo nele. ele chorou muito. criança é melhor que televisão. sinto meu irmão feliz, mas angustiado. no brasil, era patrão, aqui depois de ter trabalhado em restaurante, agora reveza sendo jardineiro e professor de futebol. me parece puto, mas o rafi é um ovinho cósmico. mantém. não foi outro dia que a gente brincava de jogo das pernas no sofá? a gente deitava no mesmo sofá, e disputava a área com os pés, mas o jogo chamava “jogo das pernas”. não foi ontem? poxa.

28

segunda de manhã, resolvi ir na primark, já que semana passada não comprei nada e ainda fui roubada. mesmo assim, loja cheia, fila de 40 minutos pra experimentar, ainda bem que sou meio homem em loja de roupas. pá, pum. me perco mesmo é em papelaria. até salivo. restaurante vegan com a silvinha, fofa. delícia. muitos brinquedos da nossa infância ainda são vendidos aqui, adoro. comprei aquele óculos-canudo que você vai bebendo alguma coisa e o líquido vai passando pelos aros dos óculos. que besteira. lucas comprou uma guitarra linda de 1950. vai tentar revender. pareço papai noel, quero dar presentinho pra todo mundo.

29. HYDE PARK, em caps lock assim porque foi um delirium tremens. nunca vi tanto pato na vida. um banco nos acolheu e compomos, assim, 4 músicas. esse prazer da composição é um troço que me deixa ouriçada. depois vimos Space 3D no science museum. Todo cinema deveria ser 3D, maravilhoso. Na volta, mais um poquinho de Hyde Park. Ai, meu tórax. cabe tanto?

dia 30

gravamos nossas músicas pela manhã e pela tarde fomos para casa do joão e da silvinha. levamos o frango que lucas fez ontem. mas fica melhor no day-after. lucas is a great chef, i’m so blessed. antes demos uma volta por brick lane. divertido. meio super-cool e indie, mas um forte movimento de xente xóvem. lucas achou o cd do binario pra vender. vinho, frango, violão, amigos. foi foda voltar porque perdemos o horário do metrô. fón! o busum demorou muito. a madrugada é sempre cheia.

1° de outubro

thorpe park. insano. que delícia é ir numa montanha russa. e de novo. e das mais doentes e variadas. subida de 90° e 160km/h em 2.6 segundos. achei que o coração fosse sair pelos olhos. ou então que eu entraria numa outra dimensão. fui no carrossel com o rafi, ficou em pé por 10 segundos, tipo chorei. parque de diversões é uma coisa muito bem bolada, feliz com a existência. voltamos pra casa com dor de cabeça. beleza.

2 do 10

acordamos moídos do parque. a velhice existe e tá aqui. ganhamos ingressos para ver zero 7 e descolamos mais uma gig por aqui, mas não rolou de adiar a passagem, fón! chorei no trem pensando na volta. enchemos a cara com minha xará bosshard. foi tão divertido. esqueci que um pint só tem 600ml de cerveja. e boa. lucas vomitou no trem. que vergonha. hahahahahaha.

3

acho que fomos ao... não sei. dia ressaca. passeiozinho. broadway market. comprei um azeite trufado. fortão. bonzinho.

quatro, né?

almoço num indiano (2 a cada esquina), foi aniversário da sogra do meu irmão, que anda um pouco tristinho, parte o coração. comida ruim, curry do inferno. perco gosto fácil. depois fomos para camden town. já era noitinha, mas o lance ainda rolando forte. tudo me encanta. o tempo já tá mais violento.

5

mistério. não anotei nada nessa página. que estranho.

lembrei depois: camden town de novo. correio. postais. feijão em restaurante brasileiro. maravilha. até guaraná rolou. tivemos que comprar uma umbrella, ella, ella, ê, ê, ê.

6

chuva! chuva! finalmente, o tal do clima londrino. não temos botas, estamos com frieiras, rá! fomos no tate modern, mas depois do pompidou, não rolou. pagamos 12 libras na pop life e pra quê? tudo já visto, assimilado. saco esperar e não ter. cozinha, tv, música, amor. revistas boas. estrou triste de ir embora. já me imagino ficando doente no dia em que chegar. semi pancadaria na lan-house entre 2 caras. e eu com medo de faca.

7

lorraine pegou a gente aqui. malas PESADAS. arrumar foi insano. bye, hornsey. fomos pra casa do meu irmão e logo fomos encontrar minha xará. após sanduíche português (bonzão), ela nos levou no meridiano de greenwich. parque lindo. maior chuva e tudo bem. bicicleta é proibido (!). vi um veado pela primeira vez na vida. voltamos de trem (eu gosto tanto). meu irmão fez peixe. dei um cartão para o lucas, faz 2 anos que a gente se conheceu. fisicamente. menstruei.

8, ciao

levamos o rafi na aula de ginástica, nem meu irmão, nem a cunhada podiam. lá fomos nós, FELIZES e babás. coisa mais linda do mundo, 20 babies cantando, batendo palminha e brincando com brinquedos educativos. chorei. lucas também. numa hora lá de dar um abracinho. olharam muito. porra, sou terceiromundista, quase paraguaia. coloquei rafi pra dormir. a cara dele acordando é sonho. me despedi sem chororô. vamos voltar. isso é fato. money, it’s a crime. sogro do meu irmão nos levou no aeroporto, o inglês dele é o mais operário, mas conseguimos falar sobre o sol, as chuvas e aviões. lucas, claro, calado. se bem que o inglês dele melhorou ao longo da viagem. não consegui dormir no avião de novo. vi “hangover”, dei boas risadas, vi estrelas, tive medo de morrer –voar é sempre: “como? como?”. 3 horas sem fazer nada no aeroporto de sp. um toddynho, 4 reais. aeroporto do rio. minha alma não cantou e não estava morrendo de saudades. o rio de janeiro é uma macumba que jogaram em mim.

Once there was a way to get back homeward.

Once there was a way to get back home
Sleep little darling, do not cry
And I will sing a lullaby